Peña Nieto tem sido pressionado por opositores, analistas e diplomatas por manter uma postura "branda" com Trump, quem, por sua vez, já fez vários ataques a mexicanos e imigrantes durante sua campanha eleitoral e prometeu construir o muro. Ontem, em seu primeiro discurso oficial desde as eleições presidenciais de novembro, nas quais derrotou a candidata democrata Hillary Clinton, Trump reafirmou que fará a obra e que cobrará do México, mas sem especificar em quais termos essa cobrança ocorreria.

Em um encontro com embaixadores e diplomatas, Peña Nieto disse também que "buscará acordos para garantir o fluxo de investimentos" no país mesmo se os tratados comerciais com os EUA forem revisados pela equipe de Trump. Outra promessa eleitoral do republicano era proteger os interesses comerciais dos EUA e alterar tratados em vigor. Ele conversou já com montadoras para pedir que mantenham suas operações em solo norte-americano e não se transfiram para o México. A Ford, por exemplo, renunciou ao projeto de construir uma nova planta de US$ 1,6 bilhão no estado de San Luis Potosí que poderia gerar 2.800 empregos no México.
Já o grupo Fiat-Chrysler deixou aberta a possibilidade de retirar alguns investimentos do México se o novo governo dos EUA alterar modelos de impostos de importação. "Rejeitamos qualquer intenção de influenciar as decisões de investimentos em empresas através do medo ou de ameaças", criticou Peña Nieto, aumentando o tom contra Trump.