Rio - A cidade do Rio de Janeiro será, em 2014 e 2015, a segunda capital do país com maior índice de novos casos de câncer de mama e próstata. São esperados, respectivamente, 126 e 115 casos por 100 mil habitantes, por ano. O município estará atrás apenas de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.

Os dados são da Estimativa 2014 do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), divulgada ontem, no Dia Mundial do Câncer. Ainda de acordo com a publicação, a cidade do Rio apresenta índices maiores do que a média estadual para 14 dos 18 tipos de câncer analisados.
De acordo com o Inca, para este ano são esperados, aproximadamente, 576 mil casos novos da doença. Na perspectiva estadual, o Rio de Janeiro lidera o número de casos esperados por 100 mil habitantes para os seguintes tipos de tumor: próstata, mama feminina, cólon/reto e pulmão.
Para Luiz Antonio Santini Rodrigues, diretor do Inca, uma das explicações para o maior número de casos estimados na cidade do Rio é a maior concentração populacional na capital. Segundo ele, ações como eliminação do tabagismo, redução do consumo de álcool, atividades físicas e alimentação saudável poderiam reduzir os casos de câncer em até 40%. “Tudo isso são medidas com resultados a longo prazo. Já tivemos êxito em alguns pontos, como a queda do tabagismo”.
Ele lembra ainda que, em relação ao câncer de cólo de útero e ao de pulmão em homens, as taxas de mortalidade caíram nos últimos anos.
Entre fumantes passivas, perigo cresce em até 65%
O início precoce do tabagismo, o alto consumo de cigarros ao ano e a longa duração do mau hábito aumentam o risco de câncer de mama em mulheres entre 15% e 40%. Além disso, entre as que estão na pré-menopausa e são fumantes passivas, as chances de desenvolver o tumor aumentam em 65%. É o que mostra pesquisa da Agência de Saúde Pública do Canadá.
De acordo com o relatório, existem cerca de 20 substâncias no tabaco associadas ao tumor na mama. O Inca estima 8.380 novos casos de câncer de mama no Estado do Rio, dos quais 4.050 serão na capital.
Em todo o país, serão cerca de 60 mil novas ocorrências da doença em 2014.
Alfredo Scaff, epidemiologista da Fundação do Câncer, explica que o câncer possui uma origem genética, porém maus hábitos, como o uso de tabaco e álcool, aceleram o surgimento dos tumores. Além do câncer de mama, o fumo está relacionado a tumores em pulmão, lábio, bexiga e cólon/reto.
“São quatro mil substâncias cancerígenas no cigarro e o hábito está relacionado à transformação da célula saudável em cancerosa. Não basta parar de fumar, é preciso não se expor à fumaça.”