Indonésia - Os oitos homens executados na Indonésia na madrugada desta quarta-feira (horário local) — tarde desta terça no Brasil — cantaram músicas religiosas enquanto andavam para serem fuzilados, relatou uma testemunha. De acordo com informações, os dois australianos, quatro nigerianos, um indonésio e o brasileiro Rodrigo Gularte saíram de suas celas no prisão na ilha Nusakambangan e andaram até uma clareira feita na floresta, onde foram executados.

A testemunha disse que ao invés de baixar a cabeça em sinal de derrota e resignação, todos se negaram a colocar uma venda nos olhos e cantaram músicas religiosas, até que o pelotão começou a disparar. Uma dos cânticos religiosos entoados entre eles foi "Amazing Grace".
Na cidade portuária de Cilacap, por onde se chega para a ilha de Nusakambangan, um grupo de pessoas se reuniram fazendo vigílias com velas pouco antes da execução, e também cantaram "Amazing Grace".
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Na ilha, os oito condenados foram atados a um poste e executados por um pelotão formado por 12 homens. Ao amanhecer seus corpos foram devolvidos na cidade portuária dentro de caixões.
A execução da filipina Mary Jane Veloso foi adiada no último momento depois que a mulher que supostamente a enviou à Indonésia com 2,6kg de heroína se entregou à polícia filipina.
De acordo com o padre Chalers Burrows, que deu conforto ao paranaense Rodrigo Gularte, o brasileiro falava com animais e tinha medo de ondas eletromagnéticas e satélites que poderiam vigiá-lo do céu. Além disso, Gularte acreditava que a Indonésia tinha abolido a pena capital e estabelecido um acordo de extradição de prisioneiros com o Brasil, o que significaria que ele poderia ir para casa no próximo ano.
Indonésia defende execuções como parte da sua guerra contra as drogas
O procurador-geral da Indonésia, Muhammad Prasetyo, defendeu nesta quarta-feira a execução dos estrangeiros condenados à morte por crimes relacionados com as drogas, afirmando que o país enfrenta uma "guerra" contra o tráfico.
"Estamos lutando uma terrível guerra contra os crimes relacionados às drogas que ameaçam a sobrevivência da nossa nação", disse Muhammad Prasetyo.
A Indonésia executou por fuzilamento oito condenados à morte por tráfico de drogas, sete dos quais estrangeiros, incluindo o brasileiro Rodrigo Gularte.
ONU lembra que Lei internacional proíbe pena de morte por delitos menores
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos lembrou nesta quarta-feira à Indonésia que a Lei internacional estabelece que a pena capital só deve ser imposta a pessoas que tenham cometido os crimes mais graves, essencialmente aqueles nos quais houve intenção de matar.
O Alto Comissariado fez esta declaração após a execução nesta terça-feira na Indonésia de oito réus, sete deles estrangeiros (inclusive um brasileiro), condenados por crimes relacionados com o narcotráfico.

"Sob a Lei internacional, se a pena de morte deve ser imposta, deveria ser apenas nos casos dos crimes mais graves, essencialmente aqueles nos quais há uma morte intencional. Os crimes relacionados com o narcotráfico não estão incluídos na categoria de 'crimes mais graves'", afirmou Rupert Colville, porta-voz do Alto Comissariado.
Austrália, Brasil e Filipinas pediram até o último momento clemência para seus cidadãos, e os dois primeiros tomaram represálias diplomáticas.
"A Indonésia pede clemência para seus cidadãos quando enfrentam a pena capital em outros países, por isso que não se entende porque se opõe totalmente a outorgar clemência para crimes menores em seu próprio território", acrescentou Colville.
"É muito lamentável e extremamente triste que tenham privado essas pessoas de suas vidas", continuou o porta-voz que, mais uma vez, lembrou que a ONU em seu conjunto pede à Indonésia que restabeleça a moratória sobre a pena capital.
Com informações da Agência Brasil e da EFE