Rio - Prefeitos da Baixada Fluminense vão se reunir nesta quinta-feira no Social Clube Meriti, em São João de Meriti, para redigir documento exigindo do governador Sérgio Cabral reforço do policiamento na região. O argumento principal é que depois da criação das UPPs no Rio, quadrilhas de traficantes migrararam para a Baixada.
A reunião, articulada pelo prefeito de São João de Meriti, Sandro Matos, é o primeiro desdobramento do bate-boca entre ele e o secretário estadual de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, na semana passada, em reunião do Conselho de Segurança da Baixada. Irritado porque o secretário negou a migração, Sandro acusou Beltrame de omisso. Os dois discutiram de dedo em riste, mas foram contidos por colegas.

Nesta terça-feira, Sandro Matos voltou a criticiar José Mariano Beltrame. “O secretário não admite o problema. E, por isso, não toma providências para resolvê-lo”, diz Matos. Diante disso, ele resolveu convocar todos os prefeitos da Baixada para cobrar proviências diretamente a Sérgio Cabral. Uma das propostas é pedir a suspensão da instalação de novas UPPs enquanto não houver reforço do policiamento na Baixada Fluminense.
Segundo Sandro Matos, até esta terça-feira haviam confirmado presença no encontro os prefeitos de Nova Iguaçu, Duque de Caxias, Nilópolis, Mesquita, Queimados, Magé, Itaguaí, Guapimirim e Belford Roxo.
Quadrilha desarticulada
Doze suspeitos de tráfico de drogas na Favela do Dique e no Complexo da Vila Ruth, em São João de Meriti, na Baixada, foram presos ontem na Operação Liberdade, da Polícia Civil e do Ministério Público. Entre eles um idoso de 64 anos, acusado de ser o responsável por embalar os entorpecentes, e o dono de uma padaria, que forneceria fermento em pó para misturar na cocaína. O chefe do grupo foi detido numa casa de classe média alta em Itaipu, na Região Oceânica de Niterói.
Dos 19 mandados de prisão expedidos, 11 foram cumpridos nas ruas e um na Penitenciária Milton Dias Moreira. Preso desde fevereiro por sequestro, Robson Luiz Ferreira Mesquita, o Binho, é apontado pela polícia como ex-chefe do Dique e braço direito de Carlos Eduardo de Oliveira, o Morcego, encontrado na Região Oceânica de Niterói. Com Binho, foram apreendidos celulares e drogas. Ele ainda será indiciado por tráfico no presídio, assim como o companheiro de cela, que também foi indiciado.
A quadrilha é acusada de roubos em série de carros e cargas na Baixada. Na casa usada como esconderijo por Morcego, piscina com fundo decorado, móveis e eletrodomésticos de última geração e até banheira de hidromassagem revelaram a boa vida dos chefes do bando. “Pela manhã, quando ele soube da operação, fugiu para Itaipu. Mas já sabíamos do endereço”, informou o delegado Márcio Mendonça, da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod).

No imóvel foram apreendidos 41 celulares e computadores. A polícia ainda encontrou R$ 3.400 em espécie em posse de André Luiz da Silva Pereira, o padeiro. Proprietário de uma padaria na entrada da Vila Ruth, ele é suspeito de informar aos bandidos sobre operações policiais, armazenar armas, receptação de eletrodomésticos e ainda fornecer toda a quantidade de fermento que era misturada à cocaína.
'Primeira-dama’ à frente
Outra prisão que chamou a atenção dos policiais foi a de Zélio Araújo, o Paizão, de 64 anos. Ele seria responsável por empacotar as drogas. De acordo com a investigação, a mulher de Binho, Maria José da Silva, a Patroa, que também foi presa ontem, havia assumido o controle do tráfico na Favela do Dique após a prisão do marido.
Ela chegou a ser presa há alguns meses transportando drogas para Minas Gerais, mas ganhou liberdade. O envio de drogas para o estado vizinho era outra vertente da quadrilha, já que o material era revendido em faculdades. “A principal vitrine deles era a cocaína, mas eles vendiam de tudo. Somente em São João de Meriti, são mais de 100 roubos de carros por mês”, completou o delegado da 64ª DP (São João de Meriti), Delmir Gouvea, que também participou da operação.
PM age na saída de favela
Numa outra ação, que não tem relação com a Operação Liberdade (da Polícia Civil e MP), cinco homens foram presos após serem perseguidos por policiais do 21º BPM (São João de Meriti), na saída da Favela Vila Ruth, segunda-feira à noite.
Por volta das 22h, os PMs suspeitaram de ocupantes de Fiat Doblo. Houve perseguição. No bairro Venda Velha, próximo ao Shopping Grande Rio, o carro do bando capotou. Os policiais descobriram que a Doblo era roubada. Os PMs prenderam Diogo Paulo Cordeiro, 28; Dione Lopes Torres, 30; Leandro Carneiro Demétrio, 31; Maikon Franklin de Souza, 32; e Gilmar Pereira Lopes, 35. Foram apreendidos com o grupo dois revólveres.