Rio - A Justiça declarou nesta terça-feira a morte presumida de Amarildo Dias de Souza,de 47 anos, torturado e assassinado por policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha, em julho. A decisão unânime dos desembargadores da 5ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça foi julgada a partir de pedido da família.
Seis meses antes, o mesmo recurso havia sido julgado improcedente. Na época, a Justiça alegou que, por estar em poder do Estado do Rio, ou seja, de policiais, Amarildo estava em segurança.

Com a morte presumida, o advogado da família, João Tancredo, vai entrar com o pedido de indenização ao estado, além de tentar uma pensão para a viúva, Elisabete Gomes, já que Amarildo tinha carteira de trabalho assinada como ajudante de pedreiro.
“É o estado reconhecendo a morte de Amarildo. Agora, não podem dizer que ele não foi morto por PMs. Vou pedir indenização retroativa. Mas essa decisão tem mais efeito moral que financeiro para a família”, disse Tancredo. No entanto, isso só deve acontecer daqui a 15 dias, quando a declaração deverá ficar pronta. Nela, porém, não constará a causa da morte porque o corpo ainda está desaparecido.
A decisão da Justiça foi comemorada pela família da vítima, que recebe apenas um salário mínimo por mês do estado. “É mais uma vitória para a gente. Meu marido foi morto pelos PMs e não vai mais voltar. Então, o que o estado tiver que me dar, eu quero. O que ganho dele (do estado) é muito pouco. Somos sete pessoas em casa para comer, vestir e pagar contas. Não dá. Aceitei porque pouco é melhor que nada. O estado virou as costas para mim”, disse Elisabete.
A casa em que a família mora foi comprada com dinheiro arrecadado num leilão por artistas e os móveis,com ajuda de amigos. “Esse dinheiro vai ajudar a reformar minha casa, que precisa de obra, e a terminar de comprar as coisas que faltam”, contou a viúva. A Secretaria de Segurança informou que não comenta decisões judiciais.