Rio - No aniversário de 58 anos do CAp-Uerj, a comemoração deu lugar a explicações sobre a dificuldades de começar o ano letivo. Em uma reunião com a Comissão de Educação da Alerj na manhã desta quarta-feira, a direção da unidade apresentou planilhas para comprovar a falta de professores para 1.022 horas — 710 delas na educação básica.
Até o momento, a escola retomou as aulas apenas no 3º ano do Ensino Médio e no primeiro segmento do Ensino Fundamental (1º ao 5º ano). A falta de docentes deixa a grade curricular incompleta, a ponto de, em alguns dias, algumas turmas só terem previsão de uma aula.
Nos dados aos quais o DIA teve acesso foi possível perceber que no 6º e 7º ano do Ensino Fundamental faltam professores para cerca de 50 aulas semanais — quase a metade do total que deveria ser oferecido para as quatro turmas de cada série. No 8º e no 9º ano, o número chega a 28 em cada. Já nos primeiros dois anos do Ensino Médio são cerca de 20.

“Muitos pais não querem trazer seus filhos para eles ficarem com buracos na grade. Eles têm medo que vire uma rotina”, afirmou o diretor do CAp-Uerj Lincoln Tavares.
O objetivo da apresentação dos dados tem relação com uma nota emitida pela reitoria da Uerj na última sexta-feira, acusando a direção da unidade de falhas na gestão. A Comissão Permanente de Carga Horária e Avaliação Docente (Copad) da Uerj afirmou que o colégio tinha condições de retomar às aulas imediatamente na última segunda. A direção da escola diz que pediu a ata da reunião e não foi comunicada nem do encontro, nem das medidas administrativas que seriam impostas.
O retorno efetivo das aulas depende da chegada de cerca de 30 professores aprovados em concursos. Mas a vice-diretora Beatriz Porto diz que esse número não é suficiente: “Pedimos 69 professores de 40 horas e recebemos 32 vagas, que ainda não foram todas preenchidas.”
Preocupação é com a excelência
Para o presidente da Comissão de Educação da Alerj, Comte Bittencourt não se trata apenas de questão de falta de professores e carga horária: “Manter o debate neste nível é minimizar a situação. É fundamental garantir a continuidade do tripé do ensino, com pesquisa e extensão, além da qualidade da licenciatura dos novos docentes que realizam estágio na instituição.”
“Com o atual quadro de professores, só mudando o perfil da instituição, que deixaria de produzir pesquisa, extensão, sem componentes curriculares para se transformar em uma escola elementos que hoje caracterizam o CAp com uma unidade acadêmica ligada à Uerj”, disse o deputado Flávio Serafini.
Participaram da reunião ainda os deputados Marcelo Freixo, Dr. Julianelli e Tio Carlos. Na próxima semana será realizada uma nova reunião com a Copad,e o reitor deve ser chamado. Procurada, a Uerj não se manifestou.