Rio - Todos os 15 macacos-pregos e micos-estrelas com sintomas de infecção que foram recolhidos pelo Centro de Recuperação de Animais Silvestres (Cras), da Universidade Estácio de Sá, morreram. O surto vitimou os animais em apenas três dias. As amostras colhidas em necrópsias realizadas na quinta-feira foram encaminhadas ontem ao Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). Os resultados iniciais devem sair no dia 21.
Houve a denúncia de um 16º macaco doente, mas este não chegou a ser levado ao Cras.
De acordo com o veterinário responsável pelo caso, Jeferson Pires, o número de mortes é elevado. Nove delas foram de macacos-pregos, animal quase ameaçado de extinção.

“É comum termos surtos com dois ou três animais mortos em uma semana. Não é comum tantos em tão pouco tempo. De imediato, gerou um alerta”, explicou.
Na quinta e na sexta-feira o Cras não recebeu mais nenhum animal contaminado.
“Houve um ‘boom’ de casos, mas de ontem para hoje parou. Já se considera uma ameaça. O que vai dizer é o tempo: se continuarem chegando animais, aí será mais preocupante”, declarou.
Todos os animais tinham um quadro neurológico forte, e apresentavam sintomas como tremor e dificuldade de locomoção. A necrópsia apontou que o cérebro e o pulmão dos primatas foram afetados. A maioria era de fêmeas no final da gestação.
A principal suspeita é de herpes simiae, vírus que pode causar encefalite (inflamação do cérebro) em humanos. Por isso a recomendação para que as pessoas evitem contato físico com os animais.
O veterinário lembra que o último grande surto desse tipo ocorreu há oito anos. Na época, cerca de 40 animais morreram, disse ele. Como os animais só foram testados para raiva e febre amarela, não houve suspeita de herpes.
Desta vez, o Cras trabalha em conjunto com outros laboratórios do Brasil para testar outras doenças. O Ibama, a Patrulha Ambiental e as secretarias municipal e estadual de Meio Ambiente também acompanham o caso.
Reportagem da estagiária Alessandra Monnerat