Por Alex Campos
Publicado 24/03/2018 20:54 | Atualizado 24/03/2018 22:33

A taxa básica de juros do Banco Central não para de cair. Mas a taxa bancária do setor financeiro (público ou privado) não para de "ficar parada". A taxa Selic (sigla do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia do BC) chegou ao seu piso histórico desde 1986 (6,5% ao ano). O problema é que os juros dos bancos brasileiros ainda estão entre os maiores do mundo (a taxa média do crédito pessoal medida pelo BC segue em torno dos 130% ao ano e a taxa média dos juros dos cartões de crédito passa dos 350% ao ano).

Afinal, por que isso acontece?

Quando o governo precisa de dinheiro para financiar seus gastos públicos, equilibrar suas obrigações fiscais, enfim, tentar fechar as contas (que nunca fecham), ele vai pegar emprestado nos bancos, seguradoras ou fundos de pensão, além de fazer emissões no exterior oferecendo em troca, como garantia, uma avalanche de títulos públicos. Como se trata de muito dinheiro, os juros bancários sobre esses títulos são altos, cada vez maiores, e os custos acabam sendo repassados para todos os clientes trabalhadores ou não, investidores ou não, devedores ou não.

Daí que, se os bancos reduzirem muito seus juros para empréstimos de pequenos ou médios portes, (grosseiramente falando, por mais estranho que pareça) pode "faltar dinheiro" para os bancos comprarem grandes volumes de títulos públicos que é o que "dá dinheiro" e gera super lucros.

Em nota, o Banco do Brasil comunicou que reduzirá os juros de suas linhas de crédito a partir amanhã, dia 26. Também em nota, o Bradesco prometeu repassar esse último corte de 0,25 ponto porcentual da taxa Selic nas linhas de crédito de pessoas físicas e pessoas jurídicas. Mas não detalhou quais seriam as linhas e quais seriam as novas taxas. Também a partir do dia 26, o Itaú garantiu que cortará os juros nas linhas de crédito para pessoas físicas e para micro e pequenas empresas. Segundo o banco, haverá redução no juro do cheque especial, para uma taxa a partir de 2,08% ao mês. Isso dá 28,2% ao ano (quatro vezes maior do que a Selic em 6,5% ao ano). Para micro e pequenas empresas, serão alteradas as taxas no cheque especial e capital de giro. Vamos pagar para ver...

 

DESEMPENHO DE CAMPEÃO MUNDIAL
Publicidade
DINHEIRO DADO DE BANDEJA
No Brasil, a associação encontrou juros exorbitantes no rotativo nos cartões do Banco Pan, de 830% ao ano, os maiores do mundo. Nesse caso, se o consumidor tiver uma fatura no valor de R$ 1 mil e resolver pagar somente o mínimo (15% do valor total da fatura), no mês seguinte ele estará devendo nesse cartão R$ 1.020 reais, mais as compras realizadas após o fechamento do mês anterior. Ou seja, é como se você tivesse dado de bandeja para o cartão R$ 150 e no mês seguinte a sua dívida estaria ainda maior do que antes.
Publicidade
Esses dados são ainda mais alarmantes se compararmos a taxa praticada no Brasil com a de outros países. A taxa média praticada no rotativo no Brasil é 305 pontos percentuais maior do que a praticada na Argentina (máxima de 47,40% ao ano). No Peru, os juros no rotativo não ultrapassam os 44,1%. Na Venezuela (um país em convulsão) são de 29%. Na Colômbia fica em 29,66%. No Chile, 21,59%. No México, a média da taxa é de 25,4% ao ano. Todos os dados foram coletados através do Banco Central de cada país.
Em Portugal, os juros máximos permitidos no quarto trimestre de 2017 foram de 16,1%. Além disso, lá o consumidor já sabe previamente pelo BC quais serão os juros máximos aplicáveis para o trimestre seguinte. Nos Estados Unidos, a taxa máxima encontrada nos juros do rotativo foi de 24,99% ao ano.
Publicidade

Você pode gostar

Comentários

Publicidade

Últimas notícias