O Hospital Vita funciona num imóvel da CSN, na Vila Santa Cecília, em Volta RedondaDivulgação
Por O Dia
Publicado 12/03/2018 12:58 | Atualizado 12/03/2018 13:59

Rio - A saúde de Volta Redonda, no Sul Fluminense, corre o risco de entrar em colapso. No final de semana, o juiz da 4ª Vara Cível do município, Roberto Henrique dos Reis, aceitou o pedido de despejo do Hospital Vita, uma das maiores unidades particulares da região, feita pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), dona do imóvel. A administração da instituição estaria devendo mais de R$ 60 milhões em aluguéis à siderúrgica.

Pela decisão judicial, em 20 dias um administrador judicial nomeado pela 4ª Vara Cível apresentará um plano de desocupação dos leitos, o que deverá ser feito de forma gradativa. A CSN pedia judicialmente a devolução do prédio do hospital, localizado na Vila Santa Cecília, desde 2014. Na cidade, além do Vita, existem ainda o Hospital da Unimed, que também só faz atendimento particular, e os hospitais São João Batista e do Retiro.

"Há uma preocupação grande na cidade. Os impactos poderão ser dramáticos, pois o Hospital (público) Regional Zilda Arns Neumann (cujas obras começaram em 2011 e foram concluídas em 2016), ainda não entrou em operação até hoje. Além disso, outros hospitais da região estão sobrecarregados, como os de Barra do Piraí: Maternidade Maria Nazaré, que teve vários serviços suspensos por conta de administração compartilhada, e Casa de Caridade Santa Rita, que irá a leilão", lamenta o líder comunitário, José Maria da Silva, o Zezinho. "Nosso medo é que a CSN transforme as instalações do Vita em outro `elefante branco´, como fez com o seu Escritório Central, também na Vila Santa Cecília", afirmou Eva Matias, outra representante dos moradores.

Hoje, no Programa Dário de Paula, pela Rádio 96,1 FM, o presidente da Unimed Volta Redonda, Luiz Paulo Tostes Coimbra, negou especulações de que o grupo estaria em negociações para assumir o Vita. "A Unimed já está bem estruturada na cidade e é considerada uma das melhores do País", argumentou. O Vita atende a todos os funcionários da CSN, através do plano Bradesco Saúde. A seguradora estaria auxiliando a companhia para a suposta escolha de uma nova rede para administrar o hospital.

Em nota (ver íntegra abaixo), o Grupo Vita argumenta que "a questão ainda está sub judice perante o Superior Tribunal de Justiça", que deverá julgar recurso contra a decisão judicial que acolheu o pedido de despejo da CSN, que a rede alega ser “veemente ilegal”. E que a CSN, produtora de aço, que não teria interesse algum em manter o imóvel funcionando como hospital, conforme especulações, teria se recusado a várias tentativas de se colocar as dívidas pendentes em dia.

O DIA entrou em contato com a assessoria de imprensa da CSN, mas até o momento a direção da empresa não se manifestou sobre o assunto. Possivelmente a empresa deverá divulgar nota ao longo do dia. "Nós estamos muito preocupados. Meu pai está internado lá (no Vita) com grave problema de coluna e não sabemos para onde deverá ser transferido. As redes particulares da região já estão superlotadas também, além das públicas", lamenta a professora Wanda Mariz Penha, de 45 anos.

Sobre o Hospital Vita

Fundado em 1953, como Hospital da CSN – Companhia Siderúrgica Nacional, o Hospital Vita Volta Redonda possui foco no atendimento de alta e média complexidade cirúrgica. Conta com serviços de terapia intensiva – geral, cardiológica, pediátrica e neonatal. O serviço de medicina diagnóstica, com destaque atualmente em oncologia, possui tecnologia de ponta e excelente atendimento aos usuários. 

O hospital conta com 130 leitos - 28 adultos, 23 geral, 11 cardiológicos, 19 infantis e três para estadias de um dia. O Vita Volta Redonda é reconhecido há mais de uma década como hospital de excelência, por meio da certificação metodologia da Organização Nacional de Acreditação (ONA), nível III.Só o Centro Médico de Especialidades – Vita Medical Center – realiza mais de 140.000 atendimentos por ano, nas mais de 50 especialidades que atende.

Íntegra da nota do Grupo Vita

 

1- A CSN ingressou com ação judicial contra o Hospital Vita com o objetivo de reaver a posse do imóvel no qual está sediada esta Instituição, em decorrência de um suposto não pagamento de aluguéis, que jamais foram pactuados;

2 - A ação judicial em questão não visa o encerramento das atividades do Hospital Vita, mas tão somente seu despejo do imóvel pertencente à CSN. Não há qualquer ação judicial, ou mesmo pedido, para que se determine o encerramento das atividades do Hospital, sendo manifestamente inverídica qualquer notícia de que ocorrerá o encerramento das atividades dessa Instituição;

3 - Embora o Hospital Vita tenha envidado todos os esforços no sentido de chegar a um acordo com a CSN, inclusive depositando em juízo o valor de um aluguel mensal que entendia até superior ao de mercado, houve expressa recusa por parte da CSN, que insiste no pagamento de uma quantia astronômica absolutamente indevida, inviabilizando qualquer tipo de composição amigável;

4 - A questão ainda está "sub judice" perante o Superior Tribunal de Justiça, que deverá julgar recurso contra a decisão judicial que acolheu o pedido de despejo formulado pela CSN, reputada veemente ilegal por esta Instituição;

5 - Os atendimentos prestados aos pacientes do Hospital Vita estão sendo acompanhados por representante do juízo, não sofrerão qualquer interrupção repentina e todos os interessados serão oportunamente cientificados se porventura houver alguma alteração na rotina das atividades desenvolvidas por esta Instituição;

6 - O Hospital Vita emprega mais de 500 funcionários, atende os funcionários da própria CSN, é tido como um hospital-referência, sendo seu nível de excelência reconhecido pelo programa de certificação hospitalar nacional – ONA (Organização Nacional de Acreditação), e ser o único que realiza cirurgias cardíacas na região de Volta Redonda, pelo SUS;

7 - O Hospital Vita continuará desenvolvendo suas atividades com foco na excelência do atendimento prestada a seus pacientes e cumprindo os acordos firmados com seus parceiros;

8 - Todas as medidas que entender pertinentes para a preservação de seus direitos e valores éticos serão adotadas por esta Instituição, que conta, inclusive, que terá sucesso nas medidas que já estão sendo adotadas junto ao Poder Judiciário.

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