Rio - Três milicianos foram presos, na manhã desta segunda-feira, suspeitos de participar de uma chacina, em Maricá, na Região Metropolitana do Rio. Cinco jovens, que faziam parte de um grupo de dança, foram mortos no Conjunto Residencial Carlos Marighella, no dia 25 de março. Apontado como o autor dos disparos, João Paulo Firmino está entre os presos.
Os três suspeitos foram encontrados em Itaipuaçu, distrito de Maricá. Com Firmino, os policiais da Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo apreenderam uma pistola de calibre 380, o mesmo utilizado no crime. Os outros presos foram identificados como Flavio Ferreira Martins, conhecido como Bimbinha, e Jefferson Moraes Ramos. Os agentes apreenderam dinheiro, carros, motos e armas com o trio. A delegacia tenta identificar quem foram os mandantes do crime. Segundo as investigações, Firmino teve autorização do mandante da chacina para matar dois jovens, mas acabou executando outros três porque estavam juntos dos alvos.
De acordo com o Ministério Público do Rio (MP-RJ), a descrição detalhada de Firmino foi feita por uma testemunha que relatou que, ao ouvir os tiros, foi até a janela e viu o executor. Disse ainda que o assassino, antes de entrar no veículo que conduzia, gritou: “Entra todo mundo, pois aqui é a milícia. Vou acabar com a bagunça do condomínio”.
O órgão destacou que Firmino também foi reconhecido por outras pessoas presenciaram o crime. Segundo as investigações, há ainda outras testemunhas que teriam condições de reconhecer o autor do crime, mas temem represália por parte da milícia.
Firmino, assim como apontam as investigações da Polícia Civil, é um dos chefes da milícia local. Além disso, ele já vem sendo investigado em outros crimes. A polícia acredita que a morte dos rapazes está ligada a expansão do domínio territorial dos milicianos.
Na ação, os policiais também cumpriram dois mandados de busca e apreensão nas casas de dois PMs, que são investigados por participar da milícia do local. O inquérito que investiga esses dois policiais não está relacionado com a chacina de Maricá. Eles seriam envolvidos com serviço de agiotagem e possuem um grande patrimônio.
"Os PMs teriam envolvimento nesse grupo que seria responsável por alguns homicídios na área e milícia. Nos cinco homicídios está identificado um que foi o executor direto. Os outros são do grupo. Temos que descobrir quem foi o mandante desses crimes daqui", disse a delegada-titular da DHNSGI, Bárbara Lomba.
A delegada pediu busca e apreensão em inquérito antigo envolvendo a milícia de Maricá. "Por isso que fomos aos endereços dos outros. As outras buscas e prisões têm a ver com o mapeamento do grupo que atua na área que estão em outros inquéritos da DH", explicou Barbara.
Relembre o caso
Cinco jovens morreram baleados dentro do condomínio, que faz parte do Programa "Minha Casa Minha Vida". As vítimas foram identificadas como Sávio de Oliveira Vitipó, de 19 anos, Mateus Bitencourt da Silva, 18 anos, Patrick da Silva Diniz, Matheus Barauna dos Santos e Marcus Jonathas.
Segundo a polícia, eles chegaram de um show de rap no centro de Maricá às 5h40 e estavam na área de convivência do condomínio quando foram atingidos por disparos feitos de pistola por dois homens que estavam em um carro.
Ainda de acordo com a polícia, os jovens seriam usuários de drogas. Milicianos ou "seguranças" da região impediram essa prática do grupo. Testemunhas disseram terem ouvido o assassino gritando "aqui é milícia, não é bagunça". Os corpos foram encontrados de bruços, enfileirados, com tiros nos rostos e nas cabeças.
Ainda segundo policiais, das cinco vítimas, apenas uma não morava no condomínio. Nenhuma delas tinha antecedente criminal. A perícia foi feita no local, e as equipes da Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí estão procurando evidências e testemunhas.
Na ocasião, a Prefeitura de Maricá decretou luto oficial de três dias e afirmou que estava acompanhando as investigações e cobrará providências. E garantiu ainda que vai redobrar os esforços em termos de ações sociais no local. "A Prefeitura vê com indignação a ocorrência de qualquer crime na cidade mediante esforços para levar serviços e cidadania a todos os moradores".