Rio - Acostumado à rotina do trabalho no Grupamento de Operações com Cães, da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), Bruce, um pastor alemão de quase 10 anos, se coloca a postos ao ver seus companheiros cães e humanos se movimentarem para a próxima missão. Só que ele não vai. Há um ano, esse é o dia a dia do Zero Um da secretaria, que foi aposentado devido a quatro hérnias lombares e torácicas.
O problema causa dores e dificuldades em andar, e Bruce tem se movimentado arrastando as patas traseiras. Vivendo no canil da Seap, os inspetores estão em busca de adoção para o cão. Ele tem todos os cuidados necessários, como garante a chefe do grupamento, Lúcia Helena Pimentel Rangel, mas todos querem que ele vá para um lugar mais confortável, com mais espaço e atenção, digno de um guerreiro que serviu à segurança do estado por sete anos.
"Vê-lo querendo trabalhar e sem poder é de cortar o coração. O olhar dele de tristeza por não poder nos acompanhar nos deixa arrasados", lamentou Lúcia. Segundo ela, todos os tratamentos já foram tentados, inclusive acupuntura, mas sem sucesso. Cirurgia já foi descartada e até uma cadeirinha foi comprada para facilitar o cão a andar, mas ele não se acostumou a ela. Para amenizar o sofrimento, Bruce toma muitos remédios, à base de corticoides.
"Foi meu companheiro. Fico muito triste em vê-lo assim. Se pudesse, o levaria para minha casa, mas tenho vários cachorros e gatos e não tenho espaço. O ideal é que Bruce tenha um lugar grande e só para ele", disse Rangel. E ser filho único tem explicação. Bruce foi treinado para o combate, ou seja, ele não é um pet, mas é um cão com quem se pode conviver. "Vamos precisar fazer uma adaptação e acompanhá-lo sempre. Mas ele não vai atacar ninguém à toa e nem consegue mais correr, tadinho", garantiu a chefe do grupamento.
Enquanto Bruce não encontra um lar, para amenizar a tristeza do peludo, que se empolga até quando ouve o barulho da viatura, os agentes brincam com ele dando alguns comandos de trabalho, como usar a luva de treino. "Ele adora e se diverte porque ainda não entendeu o problema dele. A brincadeira é como um prêmio para ele", revelou a inspetora do canil Silvia Avelino, que o acompanha desde 2010.
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