Rio - A maior milícia do Rio, a Liga da Justiça transformou-se em organização ilimitada. De acordo com o chefe da Polícia Civil, delegado Rivaldo Barbosa, nos últimos cinco anos, o grupo dobrou seu território de atuação e ampliou o leque de delitos. "Pratica todos os crimes previstos no Código Penal", disse Barbosa.
Às atividades conhecidas, como segurança clandestina, extorsão, transporte alternativo, venda de gás e gatonet, somaram-se o comércio informal, o loteamento irregular e a extração ilegal de areia e minerais. O DIA descobriu que milicianos passaram a cobrar até por entrega de correspondência.
"A milícia propaga o terror com o único objetivo de angariar lucro", afirmou o delegado Fábio Barucke. E lucra mesmo. Pelas contas da polícia, a Liga da Justiça já fatura cerca de R$ 25 milhões por mês (R$ 300 milhões/ano), cometendo as mais variadas atividades ilegais nas ruas da Zona Oeste do Rio. Nem os artistas de rua, aqueles que ficam fazendo malabarismo nos sinais fechados em troca de umas moedas, escapam da ambição desmedida dos milicianos. Boa parte desse dinheiro vai para a corrupção de agentes públicos.
Abin entra no caso
Ontem, a Polícia Civil deflagrou uma gigantesca operação para atacar "as fontes financeiras" da quadrilha. Na ação, 18 pessoas foram presas, e apreendidas 33 vans que faziam transporte alternativo, além de cerca de três tonelada de mercadorias contrabandeadas.
Apesar de a Polícia negar, O DIA obteve informações de que a operação realizada ontem foi antecipada após delegados envolvidos na ação no sítio Três Irmãos, em Santa Cruz, onde 159 pessoas foram presas acusadas de envolvimento com paramilitares, terem sido ameaçados de morte. A primeira ameaça chegou por um bilhete entregue na 35ª DP (Campo Grande), cuja titularidade, do delegado William de Medeiros Pena Junior, foi mudada no mesmo dia por medida de segurança. Ele recebeu uma ligação no seu telefone pessoal de uma pessoa dizendo que ia matá-lo.
Desde então, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) passou a monitorar grupo de milicianos e descobriu outras ameaças a outros delegados que investigam milícias da Zona Oeste. Entre os que receberam recados intimidadores estão os delegados Fábio Salvadoretti e Daniel Rosa, ambos da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF). Cerca de 180 agentes participaram da operação, que mobilizou 100 viaturas, dois helicópteros e dois caveirões. "A milícia é a organização criminosa que mais cresce no estado. Além do poder bélico, tem um poder econômico enorme. Outras operações virão dentro do nosso planejamento de combate ao crime organizado", garantiu o chefe de Polícia Civil.
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