Fabio Vinicius Sales Moura, 40 anos, estava em um carro quando ocupante de outro veículo passou atirandoSeverino Silva
Por RAFAEL NASCIMENTO
Publicado 07/05/2018 07:49 | Atualizado 07/05/2018 17:27

Rio - Um homem foi morto a tiros na Avenida Santa Cruz, em Realengo, na Zona Oeste da cidade, na madrugada desta segunda-feira. Segundo informações do 14º BPM (Bangu), Fabio Vinicius Sales Moura, 40 anos, estava em um Voyage preto quando ocupante de outro veículo passou atirando. Pelo menos 30 tiros de fuzil atingiram o carro, a maioria lado do motorista. Uma mulher de 28 anos, que o acompanhava, foi atingida na mão. A motivação foi uma briga dentro de uma lanchonete, instantes antes. 

O crime foi na altura da Rua Doutor Lessa, a cerca de 10 metros dos fundos Colégio Pedro II e em frente ao condomínio Parque Real, por volta das 4h30. Policiais da Delegacia de Homicídios (DH) da Capital estiveram no local realizando a perícia.  Quatorze cápsulas de fuzil foram recolhidas perto do carro. Fabio era separado, estava desempregado, deixa duas filhas pequenas. Ele morava em Magalhães Bastos.

Segundo investigadores da DH, a linha de investigação é de execução. Eles pegaram imagens de câmeras de seguranças instaladas perto do local do crime e também da lanchonete onde houve a briga. Ninguém foi preso.

O casal tinha saído de uma festa e depois esteve no Habib's, onde teria ocorrido uma briga com um homem, ainda não identificado. O ataque aconteceu após eles deixarem a lanchonete, que fica a pouco mais de um quilômetro do local do crime. O assassino ainda teria desembarcado do veículo para "conferir" se a vítima estava morta. O muro do colégio foi atingido por tiros.

Fábio tinha 40 anosReprodução Facebook

Desesperada, a mulher saiu do carro e buscou abrigo no condomínio, sendo levada em seguida para o Hospital Albert Schweitzer, no mesmo bairro. Ela foi atingida por um disparo na mão e, de acordo com o hospital, o estado de saúde é estável. Ela foi submetida a uma cirurgia. 

Por conta do crime a avenida teve duas faixas interditadas, deixando o trânsito congestionado até a altura da Rua Francisco Real, já em Bangu. A Rua Professor Carlos Venceslau é a melhor opção para os motoristas no início desta manhã.

'Muito tiro', diz moradora

A grande quantidade de tiros disparados no ataque pânico nos moradores do condomínio Parque Real, que fica em frente. Muita gente acordou assustada com os disparos de arma de grosso calibre. 

"Acordei com muito tiro, quatro e pouca da manhã, e foi muito assustador. Aqui em Realengo a situação está muito complicada. Eu pensei que fosse na (Rua) Capitão Teixeira ou na Vila Vintém, não aqui em frente ao colégio. Que Deus tenha misericórdia do Rio de Janeiro. Os criminosos têm que lembrar que eles também têm família. Que Deus conforme a família dessa vítima", disse a psicopedagoga Rosa Fernandes, de 49 anos, nove deles morando no Parque Real. Segundo ela, os crimes têm sido recorrentes na região. "Semana passada roubaram o carro de fiéis depois de um culto."

Nascida em São Paulo, a pensionista Nadir Davi, de 72 anos, mora desde a inauguração do condomínio, em 1985, e perdeu o filho há 26 anos também de forma brutal. Fuzileiro naval com 24 anos, ele começou a namorar uma mulher e acabou morto em uma emboscada feita pelo ex-marido dela. 

"Vejo isso e me choca, eu fui vítima da violência do Rio. Vou voltar para minha terra este ano. Moro em frente e foi muito tiro, acordei assustada, minha nota também levantou assustadíssima. Ficamos abaixados com medo de algum tiro atingir aqui", disse. 

"Realengo, Padre Miguel e Bangu são bairros que estão abandonados pelas autoridades. Tem sido impossível fazer qualquer coisa nesses bairros, seja durante o dia ou noite. Depois das 18h, jamais saio de casa. A Praça do Canhão é muito perigosa. Os bandidos cometem algum tipo de crime aqui e fogem para a Avenida Brasil passando por ela. Moro aqui desde 1985 e nos últimos anos a criminalidade aumentou assustadoramente. É inadmissível que matem uma pessoa com essa quantidade de balas. Foram muitos tiros e acordamos assustados. É lamentável deixarem chegar a esse estado (de violência). Alguém precisa fazer alguma coisa urgente", disse o aposentado José Luís de Medeiros, 70 anos. 

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