Caracterizada por episódios de alucinações, delírios e confusão mental, a esquizofrenia não tem curaReprodução de Internet
Por O Dia
Publicado 20/03/2018 03:00

Rio - Um estudo desenvolvido em parceria entre o Instituto D'Or de Pesquisa e Ensino, a Universidade do Chile e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) aponta que a esquizofrenia pode estar relacionada a alterações de neurodesenvolvimento, incluindo a incapacidade do cérebro de criar um sistema de vascularização apropriado. Os resultados ampliam o entendimento sobre as causas desse transtorno grave e incapacitante, que afeta cerca de 1% da população mundial.

"A experiência dos grupos brasileiro e chileno permitiu a combinação de expertises no estudo da formação do sistema nervoso e da formação de vasos sanguíneos para investigar a esquizofrenia", conta Stevens Rehen, neurocientista e pesquisador do Instituto D'Or e da UFRJ. Caracterizada por episódios de alucinações, delírios e confusão mental, a esquizofrenia não tem cura e o tratamento disponível é parcialmente eficaz.

MÉTODOS

Os pesquisadores investigaram a capacidade de células-tronco neurais humanas auxiliarem na formação de vasos sanguíneos. Eles utilizaram células-tronco de pluripotência induzida (iPS), criadas a partir da pele de três pacientes com esquizofrenia e de três pessoas sem o transtorno. Essas células foram transformadas em células-tronco neurais, que dão origem a células nervosas.

As células foram cultivadas em um meio adequado e os pesquisadores verificaram as moléculas produzidas por elas, em particular as pró-angiogênicas, que auxiliam a produção de novos vasos sanguíneos. O experimento mostrou que essas substâncias são produzidas em menor quantidade pelas células originadas de pacientes esquizofrênicos.

Um segundo experimento consistiu em expor células endoteliais derivadas de cordão umbilical humano às substâncias produzidas pelas células nervosas do experimento anterior. O mesmo foi feito com ovos de galinha, que serviram de modelo in vivo. As células endoteliais de cordão umbilical têm alta capacidade de formar vasos sanguíneos.

RESULTADOS

Os ovos de galinha possuem uma membrana com intensa angiogênese que nutre o embrião - uma maneira perfeita de testar a angiogênese in vivo. Por isso, foram os  instrumentos escolhidos para testar se as moléculas produzidas pelas células-tronco neurais de pacientes tinham realmente efeito sobre a capacidade angiogênica. Os resultados mostraram que sim, indicando que as células nervosas de pessoas com esquizofrenia produzem compostos que comprometem a capacidade angiogênica das células endoteliais.

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