Automania

HR-V Touring é o que se espera de um SUV turbo

Versão topo do utilitário esportivo Honda tem bom acabamento, nível de equipamentos e desempenho, mas cobra muito por isso

Por Lucas Cardoso

São Paulo - Novo conjunto óptico, melhor acabamento, teto solar panorâmico e uma boa pitada de potência. Essa é a receita usada pela Honda no retorno da versão Touring à lista de opções do HR-V, seu SUV mais vendido. Equipada com o motor 1.5 turbo do Civic, capaz de render 173 cavalos, a configuração chega para impulsionar, literalmente e não literalmente, o japonês. Mas nem tudo são flores. O lançamento cobra caro pela motorização: R$ 139.900.

Depois de aparecer em 2017 e ser 'descontinuada', a versão Touring volta à cena trazendo o tão esperado motor turbo, mas o preço é salgado para um SUV compacto. Nessa faixa (R$ 140 mil), o HR-V entra numa briga difícil de ganhar com modelos de maior porte, como o Jeep Compass e versões do Volkswagen Tiguan, que tem sete lugares. Aliás, o modelo ficou mais caro que o próprio irmão de motor, o Civic Touring, que custa R$ 128,9 mil.

Rodas de 17 polegadas com acabamento em preto são iguais para todas as versões do SUV - Lucas Cardoso

Para justificar o preço maior, além do motor mais potente, a Honda resolveu deixar o modelo também mais refinado. Com isso, o HR-V Touring traz conjunto óptico 100% em LED, que inclui o farol de neblina e as lanternas, teto solar panorâmico elétrico, interior em dois tons de couro, chave presencial para acesso e partida e sistema Lane Watch. Esse último mostra no multimídia a imagem de uma câmera inserida no retrovisor direito. Além disso, há sensores de chuva e dianteiros de estacionamento.

Como diferencial em relação às outras versões, dianteira do HR-V Touring tem acabamentos em black piano na grade dianteira e sensores de estacionamento frontais - Lucas Cardoso

É um conjunto de equipamentos importante, para fazer os clientes toparem pagar quase R$ 30 mil a mais que a versão EXL, antiga topo de linha. Mas será que justifica? A Honda acredita que sim. A marca projeta que a nova versão topo do HR-V represente 10% do total de unidades emplacadas pelo modelo. Hoje, o carro-chefe da marca aparece na terceira colocação das vendas de SUVs compactos, segundo dados da Fenabrave.

Escape duplo na traseira tem acabamento em inox de ponta a ponta - Lucas Cardoso

O RODAR

Emprestado do Civic, o motor 1.5 de quatro cilindros da versão Touring precisou ser calibrado para rodar no HR-V. E a calibração deu resultado. Rodamos por 200 km com o versão do SUV, em trechos de cidade, com trânsito intenso, e rodoviários, onde conseguimos pisar mais fundo no acelerador. Em ambas as circunstâncias, o motor que tem turbo de baixa inércia, injeção direta, abertura variável das válvulas de admissão e escape duplo tem bom desempenho.

Pelo torque de 22,4 kgfm entregue em baixa faixa de rotação (a partir de 1.700 rpm) esperávamos um comportamento mais emocionante. Assim como visto em outros modelos com motor turbo. Mas aí lembramos que estamos falando de um SUV, então até que faz sentido ele ter ganhos gradativos. A versão possui 173 cv, 33 a mais que as opções com motor 1.8 aspirado.

A transmissão automática do tipo large CVT colabora para o rendimento do HR-V Touring. Ao contrário de outros câmbios com conversor de torque variável, que costumam ser morosos e apresentar delay de aceleração, o do SUV Honda faz mudanças na hora certa e até permite reduções bruscas. Há uma opção 'S' (Sport) que aumenta a relação das marchas para entregar mais desempenho.

SUAVE NA NAVE

A suspensão, incrementada com novo conjunto de molas e amortecedores, mantém o bom desempenho do sistema presente no restante da linha. Mesmo em pisos irregulares e buracos, o sistema quase não transmitiu a condição para o interior da cabine. O nível de ruído interno também se favorece com a qualidade do conjunto. O silêncio da cabine só não dá conta quando o motor gira acima dos cinco mil rpm.

Nesse primeiro contato, não chegamos a exigir tanto do HR-V em situações de curvas. Mas nos momentos em que cobramos agilidade do modelo em curvas, o sistema de vetorização do torque (Agile Handling Assist, ou AHA) reduziu o ímpeto do carro de sair de frente. Não dá para abusar, é claro.

Além disso, no quesito segurança, o modelo conta com controle de tração e estabilidade (VSA), assistente de partida em rampa (HSA), luzes de frenagem de emergência (ESS) e seis airbags (frontais, laterais e de cortina). É um bom conjunto, mas pelo preço salgado (R$ 140 mil), achamos que o modelo poderia oferecer mais.

ACABAMENTO

Por dentro, a versão mais cara do HR-V traz ótimo nível de acabamento, com os revestimentos dos bancos, portas e painel em dois tons — combinação exclusiva para quem comprar o carro nas cores Branco Estelar, Cinza Barium e Azul Cósmico. O teto solar panorâmico, com acionamento elétrico é um show à parte. Sentimos falta do ajuste elétrico no banco do motorista, um painel de instrumentos mais moderno e saídas de ar-condicionado para a segunda fileira.

Nas dimensões, por conta do novo sistema de escape da versão turbo, o modelo perdeu espaço no porta-malas, que agora tem 393 litros (antes era 437 litros).