Logo da Fiat tem fundo escurecido na versão topo Lucas Cardoso
Por Lucas Cardoso
Publicado 31/10/2019 00:00

A estratégia de 'esportivar' carros não é novidade entre as montadoras, mas fazia algum tempo que a Fiat não investia nesse tipo de versões para os seus sedãs. A configuração Sporting do Siena foi uma das últimas tentativas da marca. Por diversos motivos, como a falta de características que realmente justificassem a nomenclatura, a versão não se saiu tão bem nas vendas. Oito anos depois e cá estamos. Agora é a vez do Cronos ganhar opção nesse perfil. Topo de gama, a HGT é vendida por R$ 78 mil e se inspira no irmão Argo, porém sem incrementar a mecânica com nenhum tempero adicional.

Já que o apelo é puramente visual, vamos focar a avaliação no que de fato o modelo traz como diferencial. Ao contrário do Siena Sporting, que não tinha bom 'body kit', a variante 'esportivada' do Cronos acerta nas escolhas que faz. Por fora, vem com rodas de liga aro 17, spoiler e retrovisores em preto, grade frontal com acabamento em black piano, maçanetas na cor do veículo e logos Fiat escurecidos.  A versão avaliada incluía, ainda, teto preto. Tudo para deixar o sedã com pegada de mal. E não é que funcionou.

A traseira é incrementada por um spoiler alongado na tampa do porta-malas. Peça é pintada de preto, independente da pinturafotos de Lucas Cardoso

Mas a pegada agressiva para por aí. A opção não tem nenhuma mudança mecânica em relação a Precision 1.8, antiga opção topo. Segue o motor 1.8 E.torQ de 139 cavalos de potência a 5.750 rpm e 19,3 kgfm de torque aos 3.750 giros. O câmbio automático de seis velocidades e os ajustes das suspensões também são iguais.

Durante uma semana, conferimos o comportamento da versão na prática. Foram cerca de 300 km percorridos em perímetro urbano e rodoviário. Nessa avaliação, o Cronos HGT provou o que já imaginávamos pela sua ficha técnica: ele é o 'esportivo' para quem quer conforto e um rostinho bonito, mas não se importa com um comportamento mais picante. 

Interior da versão abusa dos tons escurecidos no painel, teto e bancos. Volante também tem logo com fundo em pretoLucas Cardoso

BOM DE DIRIGIR

O motor de quatro cilindros 1.8 rende bem e entrega força quando solicitado, mas precisa girar alto para isso. O torque máximo chega tarde às rodas dianteiras.  O lado positivo é que o Cronos continua um carro bom de se guiar.

Destaque para a relação entre a transmissão automática e o motor, que em situações como retomadas, saídas e ultrapassagens entrega desempenho razoável para um sedã compacto com mais de 1.200 kg. O consumo médio no período de avaliação também surpreende: 9 km/l, abastecido com etanol.

Em situações em que demanda por desempenho foi maior, as trocas manuais por aletas atrás do volante melhoraram a resposta ao comando no pedal direito. Pena a versão HGT não ter uma variante manual. Aliás, a linha 2020 não traz nenhuma configuração do motor E.torQ 1.8 com o pedal de embreagem. Uma pena!

 

Lista recheada de equipamentos
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Apesar de ser alta, a versão 'esportivada' do Cronos é boa de 'chão'
O acerto de suspensão privilegia o conforto no rodar e em nada lembra os ajustes mais firmes comuns em carros esportivos. Como o Cronos HGT não se propõe a isso, a escolha não é nenhum demérito. Destaque na dinâmica do modelo vai para o comportamento sempre estável em curvas do três volumes e firme na maioria dos terrenos. Apesar de ser alta, a versão é boa de "chão". Mérito, em partes, dos pneus de perfil baixo e largos (205/45 R17) montados nas rodas de liga 17 polegadas. 
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Leve em situações de manobras, a direção elétrica do modelo poderia ser mais firme em velocidades elevadas. A ergonomia ao volante é agravável: banco com apoios satisfatórios para pernas e costas, instrumentos estão sempre visíveis e volante apresenta boa angulação de profundidade e altura. 
Seguem sendo predicados do sedã o bom espaço interno, com entre-eixos de 2,52 m e porta-malas com capacidade para até 525 litros de bagagem — um dos maiores da categoria, perde apenas para o Toyota Etios (562L) e Chevrolet Cobalt (563L). Nele, quatro pessoas viajam com conforto e o eventual quinto passageiro, apesar de ter menos espaço, também consegue se acomodar de maneira aceitável. 
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No geral, o Cronos HGT é um carro com visual descolado para o consumidor que quer levar a família sem aperto e bom espaço no porta-malas. O motor entrega força suficiente, mas para uma versão com esse apelo, merecia mais. Talvez isso mude num futuro próximo, com a chegada dos motores turbo 1.0 e 1.3, que começam a ser produzidos no próximo ano, na fábrica da marca, em Betim (MG), e devem ser incorporados a linha em 2021.

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