Por marta.valim
"Não sei por que transformar manifestações de reivindicações em manifestações contra a Copa e o governo", disse o ministro do Esporte, Aldo RebeloValter Campanato / Agência Brasil

O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, disse nesta quinta-feira que não há como caracterizar as manifestações que estão acontecendo pelo país como sendo contra a Copa do Mundo. Rebelo participou de audiência pública da Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado, para apresentar as diretrizes do ministério para 2014.

Segundo o ministro, as manifestações trazem reivindicações específicas de determinadas categorias. “Geralmente as manifestações são mais a favor de alguma coisa, da moradia, do ensino público, da segurança, do transporte. Não sei por que transformar manifestações de reivindicações em manifestação contra a Copa e o governo”, disse, acrescentando que aquelas que se tornarem violentas serão coibidas.

Nesta quinta-feira, movimentos sociais e ativistas convocaram o Dia Internacional de Lutas contra a Copa, intitulado 15M. Eles apontam violações de direitos humanos ocorridas durante a preparação das cidades-sede do Mundial e cobram medidas como o reassentamento de famílias que foram removidas, a garantia de moradia digna, medidas contra a exploração sexual de crianças e adolescentes.

Durante a preparação da Copa, também a Fifa e parte da mídia internacional criticaram a organização do evento. O ministro afirmou, entretanto, que esses questionamentos são normais e que eles têm sido respondidos por meio de notas de esclarecimentos.

“Em determinados momentos o país é alvo de críticas, principalmente quando há coisas importantes em disputa. Eu lembrei o caso do Código Florestal, quando o país, o Congresso, o governo, todos os que queriam uma legislação que protegesse o meio ambiente e a agricultura, todos foram alvo de pressões internas e externas. Acho que o Brasil, naturalmente como a sétima economia do planeta, em um mundo que vive dificuldades econômicas, o Brasil incomoda e, às vezes, acho que isso exacerba os rumores sobre ao país”, disse Rebelo.

Para Rebelo, os grandes eventos esportivos são uma oportunidade para o país que os realiza, não só na área econômica, mas também na projeção da imagem, influência e poder do país. Rebelo argumentou que a Alemanha e a África do Sul também usaram a Copa para se desfazer das imagens de eventos históricos, como o nazismo e o apartheid. Segundo ele, a Fifa e a Organização das Nações Unidas (ONU) também querem usar o alcance e a dimensão do mundial na luta pela paz e contra o racismo.

Manifestações não assustam governo, diz Gilberto Carvalho

Ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho afirma que os protestos não assustam o governo e que são democráticos desde que os manifestantes não recorram a atos de violência, e os atos têm apresentado demandas sem relação direta com a Copa do Mundo.

Os protestos, ressaltou Carvalho, buscam “muito mais se aproveitar da oportunidade e apresentar reivindicações que são legítimas, são naturais, mas que pouco têm a ver com a Copa”.  Para o ministro da Secretaria-Geral, cada vez mais se dá conta de que o Mundial é uma grande janela de oportunidades para o país, “ao contrário do que se diz”.

Contra a ameaça de policiais de promoverem greve durante o evento esportivo, o ministro declarou apostar no diálogo. Citando o compromisso firmado entre governo, representantes dos trabalhadores e do empresariado para aperfeiçoar as condições de trabalho na Copa, ele afirmou que esse é um dos exemplos a ser seguido. “Nossa aposta é para que haja diálogo, negociação, como esse ato aqui acabou de mostrar. Portanto, quem tem reivindicações faz o trabalho natural de dialogar com o governo”, disse.

Gilberto Carvalho voltou a criticar as pessoas que contestam a organização do evento, dizendo que o país perde quando se aposta no “quanto pior, melhor”. “Infelizmente se propagou no país que a Copa seria um paraíso de ganhos para a Fifa, um paraíso da corrupção e de obras do tipo elefantes brancos”. Ao negar essas especulações, o ministro alegou que a Copa não tirou “nenhum tostão” da educação e da saúde.

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