Por douglas.nunes

O relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Petrobras, deputado Marco Maia (PT-RS), apresentou nesta segunda-feira o plano de trabalho das investigações. Maia dividiu as apurações em quatro eixos que coincidem com os pontos especificados no requerimento de criação da comissão e sugeriu a convocação da presidenta da empresa, Graça Foster, do ex-presidente José Sergio Gabrielli, dos ex-diretores Paulo Roberto Costa e Nestor Cerveró, além do doleiro preso Alberto Yousseff.

Marco Maia recebeu críticas de membros da oposição por não ter incluído no plano de trabalho nenhuma proposta de quebra de sigilo das empresas apontadas como pagadoras de propinas aos envolvidos na Operação Lava Jato, da Polícia Federal, que culminou na prisão de Yousseff, Paulo Roberto Costa e outras dez pessoas.

“Por que não quebrar de imediato o sigilo das empresas fornecedoras da Petrobras indicadas nos quatro pontos do requerimento da CPI mista? Acho que, com isso, nós adiantaríamos todo o expediente para a frente”, sugeriu o deputado Rubens Bueno (PPS-PR).

O relator, no entanto, justificou que preferiu focar nos personagens principais dos escândalos que envolvem a petroleira no primeiro momento. Depois, segundo Marco Maia, a CPMI poderá aprovar os requerimentos de quebra de sigilos das empresas. “Devemos ter um calendário que permita ouvir e ter informações, ter informações e ouvir”, explicou o deputado, que acatou 227 dos 600 requerimentos aprovados até o momento.

Da mesma forma, ele optou por ouvir primeiro Paulo Roberto Costa, Alberto Yousseff e Nestor Cerveró, deixando a atual e o ex-presidnete da Petrobras para “um segundo momento”. Segundo Maia, eles já depuseram no Congresso recentemente e não teriam fatos novos a acrescentar agora, especialmente Graça Foster, que compareceu no Parlamento três vezes nos últimos meses. “Precisamos ter mais informações e dados para que, quando ela vier, ela possa contribuir para o processo de investigação”, explicou o relator.

Pela proposta apresentada hoje por Marco Maia, a CPMI focará a investigação em quatro eixos: a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos; os indícios de pagamento de propina a funcionários da estatal pela empresa SBM Offshore; as denúncias de que plataformas da empresa estariam sendo lançadas ao mar sem condições primordiais de segurança; e os indícios de superfaturamento na construção de refinarias, em especial a de Abreu e Lima, em Pernambuco.

O líder do PMDB na Câmara, deputado Eduardo Cunha (RJ), sugeriu ainda que a CPMI aprove requerimentos que propiciem investigar melhor a origem e o destino final do dinheiro utilizado na compra da refinaria de Pasadena. O negócio foi considerado ruim para a Petrobras pela própria presidenta Graça Foster, porque a refinaria foi adquirida por preço muito acima do de mercado.

“Eu senti falta aqui de duas coisas. Primeiro, a oitiva de alguém que vendeu a refinaria de Pasadena para a Petrobras. Acho fundamental isso ser colocado no início. E, segundo, que acho mais fundamental de tudo no caso de Pasadena, a busca do dinheiro, ou seja, a quem a Petrobras fez todos os pagamentos referentes à Pasadena para que, se for o caso, em sequência, possamos fazer qualquer tipo de quebra de sigilo e investigação com relação ao curso do dinheiro”, afirmou o deputado.

O plano de trabalho apresentado por Marco Maia será votado pelos demais membros da CPMI nesta terça-feira. Eles também poderão aprovar requerimentos diferentes dos sugeridos pelo relator.


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