Por bruno.dutra

São Paulo - As vendas de veículos aumentaram 3,6% em outubro na comparação com setembro, para 306,9 mil unidades. O resultado, entretanto, não foi suficiente para segurar a queda da produção, que caiu 2,5%, informou ontem a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

Além do crédito restrito e da queda da confiança dos consumidores, o presidente da Anfavea, Luiz Moan, credita o resultado ainda ruim às exportações, que continuam em queda livre. Em outubro elas despencaram 54,6% na comparação com igual mês do ano passado, e 9,7% ante setembro. No ano, acumulam queda de 40,4%.

A exemplo de meses anteriores, o presidente da Anfavea credita a queda nas vendas externas à retração do mercado argentino.

Não por acaso, o setor busca outros parceiros para reverter esse cenário. Na próxima semana, o presidente da Anfavea desembarca no México para tentar amarrar um novo acordo de comércio entre os dois países. O atual vence em março. Por enquanto, disse Moan, as negociações ainda estão entre o setor privado. “A ideia é começar a negociação para dar continuidade ao acordo bilateral que vencerá em março”, disse.

Segundo Moan, as bases para um novo acordo do Mercosul com o México ainda não foram definidas, mas devem seguir a lógica da integração produtiva. “Nesta fase ainda não há orientação do governo, mas nossa posição é pela máxima integração comercial e produtiva. De qualquer forma, o importante é ter um acordo vigente.”

A Anfavea também negocia um acordo bilateral com a Colômbia. Se for bem-sucedida, a indústria automobilística reduzirá a dependência do mercado argentino, para onde seguem hoje cerca de 80% dos veículos brasileiros vendidos a outros países.

Mas, por enquanto, a indústria sofre com essa retração. No ano, a produção acumula queda de 16% e as vendas, retração de 8,9%. Ambos os resultados ainda estão distantes das estimativas da Anfavea para 2014: queda de 10% na produção ante 2013, para 3,339 milhões de veículos, e recuo de 5,4% nas vendas. Ainda assim, o presidente da Anfavea manteve as projeções.
“Mantemos, mas confesso que estamos com viés de baixa, pois sabemos da dificuldade de se alcançar o licenciamento de 3,564 milhões de unidades até o final do ano. Porém, alguns fatores podem ajudar”, disse Moan.

Entre eles, citou a sanção da lei que vai facilitar a retomada do bem alienado em caso de inadimplência, esperada para a primeira quinzena de novembro. “Acredito que esse será um ponto de inflexão no rumo de vendas do setor e que mais bancos terão interesse em retomar o financiamento de veículos no momento em que a presidenta (Dilma Rousseff) sancionar a lei”, afirmou Moan.

Outros fatores que podem ajudar nas vendas é a sazonalidade tradicional de novembro e dezembro e o Salão do Automóvel, que serve como “catálogo” de vendas. “Com a previsão de fim do desconto do IPI para carros novos a partir de janeiro, deve ocorrer uma antecipação de compra, o que vai ajudar no balanço do ano”, disse o presidente da Anfavea.

Montadoras continuam diminuindo postos de trabalho

Os empregos também seguem a trajetória de queda, embora em ritmo menor. Em outubro, a indústria de autoveículos tinha 127.842 postos, queda de 0,3% ante setembro e de 7,2% na comparação com um ano antes. Moan considerou o resultado estável. Quanto à queda acumulada, disse que o setor tenta manter o compromisso de maio de 2012, de manutenção do nível de emprego. As exceções são PDV (plano de demissão voluntária), aposentadoria, fim de contratos temporários e acordos sindicais.

Em maio de 2012, quando o governo propôs como contrapartida à redução da alíquota do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) para automóveis a manutenção do emprego no setor, o segmento de autoveículos empregava 127 mil trabalhadores.

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