Exportação é a saída para retomar produção, diz Armando Monteiro
Em reunião, ministro do Desenvolvimento defendeu o Plano Nacional das Exportações para a manutenção da atividade econômica
Por bruno.dutra
São Paulo - Depois do vice-presidente da República, Michel Temer, e do ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, ontem foi a vez do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Armando Monteiro, se reunir com empresários na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Monteiro defendeu o Plano Nacional das Exportações como forma de retomar o desenvolvimento do setor produtivo brasileiro.
“Discutimos aqui temas de uma agenda que devolva a competitividade da indústria brasileira e isso passa necessariamente pelas exportações. Neste momento, é importante a criação do Plano Nacional das Exportações e a Fiesp tem papel fundamental, pois reflete o setor privado. As exportações são o caminho para a manutenção ou retomada da atividade econômica”, disse.
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O ministro também defendeu um câmbio que não seja valorizado artificialmente. “O câmbio não pode ser visto apenas como um instrumento de combate à inflação”, afirmou Monteiro. Segundo ele, a manutenção de uma valorização cambial por longos períodos pode trazer desequilíbrios relativos ao setor produtivo. “É preciso que ele proporcione condições de competitividade sem artificialismo”, afirmou.
Embora a questão hídrica não tenha sido tratada especificamente,o ministro declarou que o tema é motivo de preocupação e de discussão para que o ministério consiga minimizar possíveis impactos negativos no setor produtivo.
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Mais cedo, na Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), Monteiro defendeu a retomada de uma agenda de reformas no país, especialmente no âmbito microeconômico, para melhorar o ambiente de negócios interno. Monteiro defendeu também a redefinição da política comercial brasileira com o estreitamento das relações com os Estados Unidos e uma maior aproximação com os países da Aliança do Pacífico, como Chile, Colômbia, México e Peru, mas sem reduzir o papel estratégico do Mercosul.
“O ímpeto de reformas no país tem arrefecido na última década, especialmente em função de um período extraordinariamente benigno, quando as commodities do agronegócio experimentaram uma elevação de preço por largo período de tempo, enquanto os preços dos bens industriais no mundo foram reduzidos. As coisas, no entanto, mudaram.”
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Monteiro destacou ainda que as matérias-primas e as commodities perderam valor e, em 2014, houve um déficit em transações correntes que alcançou mais de 4% do Produto Interno Bruto (PIB), equivalente a U$ 91 bilhões. “É necessário criar mecanismos de financiamento de seguros e garantias para reforçar uma política exportadora”, afirmou.
Na avaliação de Monteiro, é necessário realizar reformas para simplificar e desburocratizar os ambientes tributário e regulatório. Essas são bandeiras defendidas pela FecomercioSP, que propõe algumas medidas para reduzir a complexidade do sistema tributário.
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Índice PMI indica primeira Retomada da indústria
A reunião de ontem em São Paulo coincidiu com a divulgação de que o setor industrial brasileiro iniciou 2015 com sinais de melhora, ao crescer em janeiro a um ritmo mais forte. Segundo o Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) divulgado ontem, os volumes de produção e novos pedidos aumentaram simultaneamente pela primeira vez em dez meses.
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O PMI apurado pelo Markit passou de 50,2 em dezembro para 50,7 em janeiro, nível mais alto desde que atingiu 50,8 em janeiro de 2014. Foi o segundo mês seguido que o índice ficou acima da marca de 50, que separa crescimento de contração. O resultado disso foi o aumento da produção em janeiro, interrompendo quatro meses de contração com a taxa de crescimento mais forte desde dezembro de 2013.
Por outro lado, a balança comercial brasileira registrou mais um mês de déficit, de US$ 3,174 bilhões em janeiro. “Embora tenhamos déficit, vale lembrar que esse resultado é menor do que o verificado em janeiro de 2014. Não foram apenas as exportações que diminuíram, as importações também”, disse Monteiro.