Por douglas.nunes

Brasília - O ex-gerente executivo da diretoria de Serviços da Petrobras Pedro Barusco afirmou nesta terça-feira que o tesoureiro do PT João Vaccari Neto gerenciava o recebimento de propinas para o partido no esquema de corrupção que envolveu a petroleira, empreiteiras e políticos.

Barusco, um dos principais delatores do esquema, declarou em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que o PT teria recebido de US$ 150 milhões a US$ 200 milhões em propina, reafirmando declarações dadas à Justiça. O montante, segundo ele, foi estimado com base nos valores que ele próprio recebeu.

"A gente sempre combinava esse tipo de assunto com o João Vaccari", afirmou Barusco, ressaltando não saber como o tesoureiro do PT administrava os recursos recebidos e se os valores entravam de forma legal, como doação registrada, para o partido político.

No início de fevereiro, o PT afirmou que o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco fazia acusações sem provas.

O presidente do PT, Rui Falcão, afirmou naquela oportunidade que o partido não recebeu doações ilegais e que suas contas foram aprovadas pela Justiça Eleitoral.

Barusco declarou ainda à CPI nesta terça-feira que começou a receber valores ilícitos entre 1997 e 1998, em atos de corrupção de iniciativa própria, mas que o esquema teria ficado "institucionalizado" a partir de 2004. Disse também que nunca repassou valores ilícitos para outras pessoas.

O mecanismo de desvio de recursos envolvia empresas, o ex-diretor de Serviços da estatal Renato Duque e Vaccari, segundo Barusco, que chegou a dizer que os três eram "protagonistas".

Segundo Barusco, a primeira ação de cartel de empresas envolvidas na corrupção percebida foi nas obras da Refinaria do Nordeste (Rnest) e depois no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).

Também ressaltou que apenas sabia do esquema quem participava do desvio de recursos. Ele disse não saber se o Conselho de Administração da Petrobras conhecia o esquema.

O depoimento na CPI do ex-gerente ocorre após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki ter autorizado na sexta-feira abertura de inquérito contra os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), além de dezenas de outros parlamentares, incluindo do PT, no âmbito das investigações de corrupção na Petrobras.

Assim como outro delator do esquema, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, Barusco disse à CPI estar arrependido de ter participado do esquema e que está "tendo a oportunidade de reparar" a situação. Ele disse estar devolvendo os recursos desviados.

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