Por diana.dantas

Rio de Janeiro - As obras do Complexo de Deodoro para a Olimpíada de 2016 estão “rigorosamente” em dia e a demissão de funcionários por parte da empresa responsável não ameaça o andamento da construção, disse nesta quinta-feira o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, à Reuters.

Segundo Paes, a empreiteira Queiroz Galvão, que lidera o consórcio responsável pela construção da instalação olímpica, enfrenta um problema de fluxo de caixa na obra por questões burocráticas do financiamento da Caixa Econômica Federal, mas a prefeitura tem adiantado os valores para a obra continuar dentro do cronograma.

“O Tesouro Nacional não contingenciou nada. Você tem trâmites burocráticos e controles rigorosos nesses pagamentos”, disse Paes à Reuters por telefone.

“Nesse caso, o que a prefeitura faz: como demora às vezes 30 a 60 dias para repassar, não por falta de dinheiro, mas por conta desse trâmite burocrático, nós estamos adiantando esse dinheiro”, acrescentou.

Reportagens publicadas nesta quinta-feira disseram que a Queiroz Galvão demitiu 70 funcionários e colocou em aviso prévio mais de mil trabalhadores do Complexo de Deodoro, que receberá 11 modalidades dos Jogos de 2016, devido ao atraso no repasse de recursos federais.

Procurada pela Reuters, a empresa assegurou que não houve paralisação das obras e que elas estão dentro do cronograma. A construtora é uma das investigadas pela operação Lava Jato, que apura irregularidades em contratos de empreiteiras com a Petrobras.

Mais tarde, em comunicado, afirmou que "o consórcio acredita na regularização dos pagamentos das etapas já concluídas de forma a garantir a entrega do projeto no prazo estipulado em contrato".

O prefeito do Rio afirmou em entrevista coletiva que a empreiteira Queiroz Galvão está tentando pressionar os governos municipal e federal ao anunciar as demissões, e classificou a estratégia de “burra”, “arcaica” e “ultrapassada”.

“Não pode deixar acontecer a imprensa ser usada para chamar atenção para agendas outras que não são interesse das Olimpíadas... tem um processo burocrático que tem ser respeitado para a verba ser liberada”, declarou ele a jornalistas.

“Não caiam nessa esparrela ou pressões de empreiteiras, isso é uma estratégia burra da empresa porque todo mundo fica lembrando que eles têm ligação com a tal da Lava Jato."

Apesar dos problemas, Paes garantiu que a obra em Deodoro está "a todo vapor".

O Complexo de Deodoro, cujas obras estão estimadas em mais de 800 milhões de reais, tem sido uma dor de cabeça para os organizadores dos Jogos.

A obra seria inicialmente realizada pelo governo federal, mas depois passou para o governo estadual e, finalmente, foi assumida pela prefeitura. A construção só começou no segundo semestre de 2014, com mais de um ano de atraso.

Em visita de inspeção à cidade em fevereiro, a comissão de coordenação do Comitê Olímpico Internacional (COI) apontou como motivo de preocupação a construção da arena de hipismo cross-country, que fica em Deodoro e estaria com atrasos.

Além do hipismo, o complexo localizado em uma área militar na zona oeste do Rio de Janeiro vai receber competições de basquete, ciclismo mountain bike, pentatlo moderno, tiro esportivo e rúgbi, entre outras.

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