Por lucas.cardoso

Brasília - Citado na delação premiada do senador Delcídio Amaral (PT-MS), o ex-presidente Lula foi defendido pelo seu Instituto que, em nota, nesta quinta-feira, afirmou que o petista jamais participou de ilegalidade. Delcídio fez acordo de colaboração perante o grupo de trabalho da Procuradoria-Geral da República na Operação Lava Jato e citou vários nomes, entre eles o de Lula.

"O ex-presidente Lula jamais participou, direta ou indiretamente, de qualquer ilegalidade, seja nos fatos investigados pela operação Lava Jato, ou em qualquer outro, antes, durante ou depois de seu governo", afirmou o Instituto Lula.

A revista IstoÉ divulgou os detalhes da delação de Delcídio que teria 400 páginas e trechos do depoimento. Segundo Delcídio, partiu de Lula a ordem para que o senador tentasse convencer o ex-diretor da área Internacional da Petrobrás Nestor Cerveró, preso na Lava Jato, a não implicar o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente, em uma eventual delação premiada

Delcídio foi preso após ser gravado pelo filho de Cerveró prometendo atuar junto a ministros para interferir na Lava Jato. "No caso, Delcídio intermediaria o pagamento de valores à família de Cerveró".

Senador Delcídio do Amaral foi preso por atrapalhar investigações da Operação Lava Jato Agência Brasil

Segundo a IstoÉ, os R$ 50 mil entregues pelo senador ao advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, saíram do bolso do empresário Maurício Bumlai. No total, foram R$ 250 mil. A IstoÉ diz que a revelação pode indicar que o ex-presidente Lula tentou interferir na Lava Jato - mesmo motivo que levou a prisão de Delcídio.

Nas primeiras revelações, o senador detalhou os bastidores da compra da refinaria de Pasadena pela Petrobras, entre outros assuntos. As declarações do ex-líder do governo fazem parte de um documento preliminar da colaboração.

De acordo com a IstoÉ, Delcídio afirmou que um dos temas que "mais aflige" o ex-presidente Lula é a CPI do Carf, que apura a compra de Medidas Provisórias durante o governo do petista para favorecer montadoras e o envolvimento do seu filho, Luiz Claudio, no esquema.

Como revelou o Estado em outubro de 2015, uma das empresas de Luiz Cláudio, a LFT Marketing Esportivo, recebeu pagamentos de Mauro Marcondes, um dos lobistas investigados por negociar a edição e aprovação da MP 471 durante o governo Lula. A norma prorrogou incentivos fiscais para o setor automotivo. Luis Cláudio, que também é dono da empresa Touchdown, confirma o recebimento de R$ 2,4 milhões.

Delcídio teria dito, segundo a revista, que "por várias vezes Lula solicitou a ele que agisse para evitar a convocação do casal Mauro Marcondes e Cristina Mautoni para depor". Mauro e Cristina são sócios e estão presos preventivamente.

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