Por lucas.cardoso

Brasília - O ministro da Educação, Aloízio Mercadante, negou nesta terça-feira em entrevista coletiva, em Brasília, que tentou impedir o ex-líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral, de fazer delação. Em acordo feito com a Procuradoria Geral da República (PGR), homologado nesta terça-feira pelo Supremo Tribunal Federal, Delcídio disse que Mercadante teria oferecido uma ajuda financeira para que o senador não delatasse. Segundo ele, a conversa com o assessor do senador, José Eduardo Marzagão, partiu dele e não foi um pedido da presidenta Dilma Rousseff.

De acordo com Mercadante, trechos importantes da conversa dele com o assessor de Delcídio foram omitidos na transcrição do áudio divulgado hoje na imprensa. “Se vocês olharem o áudio do que foi transcrito, tem trechos fundamentais que não foram devidamente relatados. Em um trecho eu digo 'não estou nem aí se vai delatar ou não, não estou nem aí' [...] 'tem que construir uma saída viável, eu não vou entrar nisso, ele faz o que achar que deve'”, defendeu-se.

Delcídio afirma que Mercadante teria oferecido ajuda financeira para evitar a delação do senador. Delcídio entregou ao Ministério Público Federal gravações de dois encontros entre Mercadante e Marzagão que comprovariam a tentativa.   

O ministro diz que procurou Marzagão para prestar solidariedade às filhas do senador. O ministro alegou que acreditava que o Senado poderia rever a prisão de Delcídio por alguma “tese jurídica”. “A iniciativa do diálogo foi minha, eu me sensibilizei com a campanha que estão fazendo com as filhas dele. […] Por ser senador, achava que haveria uma tese jurídica em que o Senado se pronunciasse para ele ficar em prisão domiciliar.”

O ministro disse ainda que “não está nem aí” sobre a decisão de Delcídio de fazer a delação premiada. “Minha preocupação é zero. Não estou nem aí se vai delatar ou não. Não estou nem aí”. Mercadante reiterou: "Não trato de delação". Segundo ele, há uma tentativa do assessor de Delcídio do Amaral de "induzir esse assunto". 

“Ele [Marzagão] tenta ao longo da conversa me induzir a uma defesa jurídica. E quando ele tenta me induzir eu digo que não vou me meter na defesa dele. 'Não sou advogado, não sei do que se trata, não tenho que fazer', eu disse”.

Mercadante disse ainda que vai manifestar à Procuradoria-Geral da República e ao Supremo Tribunal Federal (STF) a disponibilidade de esclarecer o fato. O ministro disse que tomará providências legais contra o assessor.

?Petista é reincidente em polêmicas

Esta não é a primeira vez que o petista Aloizio Mercadante se envolve em polêmicas. Em 2006, quando era candidato ao governo de São Paulo, ele teve a campanha manchada quando integrantes de seu staff foram pegos com R$1,7 milhão em dinheiro, montante que seria usado para comprar um dossiê sobre o tucano José Serra (PSDB), seu adversário. Na época, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que os responsáveis eram “um bando de aloprados”. O caso acabou ficando conhecido como o “escândalo dos aloprados”. E Mercadante acabou derrotado na eleição.

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