Fortaleza - Em ato contra o impeachment neste sábado, em Fortaleza, Ceará, o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que o vice-presidente Michel Temer, como constitucionalista, sabe que o impeachment é um golpe. Aclamado por populares, ele reafirmou a defesa do mandato da presidente Dilma Rousseff e fez críticas diretas ao também presidente do PMDB, que esta semana comandou a convenção que aprovou a saída do partido da base aliada do governo.
“Eu perdi muitas eleições. E eu quero que ele aprenda sobre as eleições. O Temer é um professor de direito e sabe que o que estão fazendo é um golpe. E isso, ele sabe que vão cobrar é dos filhos dele, é do neto dele, amanhã. Porque a forma mais vergonhosa de chegar ao poder é tentar derrubar um mandato legal”, disse o ex-presidente.
As palavras de Lula provocaram reação do vice-presidente. A assessoria do vice-presidente divulgou nota afirmando que “justamente por ser professor de direito constitucional, tem ciência de que não há golpe em curso no Brasil.
Diante de milhares de manifestantes com bandeiras, estandartes e camisas que estampavam seu rosto, o ex-presidente Lula arrancou gritos quando afirmou que na quinta-feira vai assumir o Ministério da Casa Civil, no Palácio do Planalto, mostrando confiança na aprovação do Supremo Tribunal Federal (STF).
“Na próxima quinta-feira, se tudo der certo, se a Corte Suprema aprovar, eu estarei assumindo o ministério. Eu volto para ajudar a companheira Dilma”, afirmou, recebendo muitos aplausos.
Lula foi convidado por Dilma para um dos ministérios mais importantes do governo, mas depois que tomou posse não pôde assumir o cargo por causa de uma liminar (decisão provisória) do ministro Gilmar Mendes, do STF.
A nomeação de Lula é apontada pela oposição como estratégia da presidente Dilma para livrá-lo das investigações do juiz Sergio Moro. A decisão final será julgada pela plenário do Supremo, com o voto de todos os seus onze ministros.
Em um discurso de cerca de meia hora, Lula criticou as pessoas que se manifestam a favor da saída de Dilma. “Essa gente que vai para a rua usando verde e amarelo para dizer que são brasileiros precisava ter trabalhado o tanto que nós trabalhamos. Eles precisam saber que esse povo que está aqui é ordeiro, paga suas contas e que quer apenas respeito ao mais elementar e universal, que é o direito ao voto popular que elegeu Dilma”, disse.
O coro feminino da manifestação gritou uma nova palavra de ordem, que satiriza o grampo telefônico da Lava Jato. “Lula, me liga, me chama de querida”.