Por rafael.souza

Brasília - O vice-presidente da República, Michel Temer, teve uma conversa secreta com o presidente nacional do PP, o senador Ciro Nogueira (PI), na sexta-feira passada, em São Paulo.

Ao contrário do que costuma fazer quando está na capital paulista, Temer não recebeu Ciro em seu escritório. Os dois estiveram juntos a convite de um amigo. O encontro entre Temer e Ciro ocorreu dois dias depois de o presidente do PP anunciar que seu partido decidiu permanecer na base do governo. Atualmente a legenda comanda o ministério da Integração Nacional.

Michel Temer%2C teve conversa secreta com o presidente nacional do PP%2C o senador Ciro Nogueira (PI)Divulgação

Negação

Por meio de mensagem de voz enviada à reportagem, Ciro Nogueira negou ter se encontrado com Temer. "Isso não tem a menor veracidade. Nem me lembro a última vez que estive com ele. Acho que era articulador político do governo", afirmou o senador.

A reportagem checou a informação com duas fontes que reafirmaram o encontro realizado em São Paulo. Nos bastidores, porém, a conversa é outra. Ciro sinalizou que pode levar o partido a apoiar o impeachment da presidente Dilma Rousseff se "fatos novos" surgirem até o fim da semana.

Pressão

O senador Ciro Nogueira tem sido pressionado pela bancada do PP. Até agora, apenas nove dos 48 deputados do partido afirmam que votarão contra o impeachment, segundo enquete do jornal O Estado de S. Paulo. Vinte e cinco dizem que preferem a saída de Dilma do cargo - há oito indecisos e cinco não quiseram responder. No fim de semana, nove dos 24 diretórios da sigla anunciaram que vão defender voto contra a presidente.

PP reavalia apoio ao governo 

A divulgação dos votos pró-impeachment de lideranças do PR e do PSD nesta segunda-feira, na Câmara dos Deputados, levaram a cúpula do PP a reavaliar o apoio à presidente Dilma Rousseff. O presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), avaliou a aliados como "muito grave" a decisão do deputado Maurício Quintella (AL) de deixar a liderança do PR para votar a favor do impeachment de Dilma na Câmara.

O dirigente partidário também se surpreendeu e avaliou como um "mau sinal" o voto a favor do parecer pró-impeachment na Comissão Especial do líder do PSD na Câmara, o deputado Rogério Rosso (DF), que era presidente do colegiado. As notícias levaram Nogueira a antecipar sua vinda a Brasília para avaliar o cenário e decidir como o PP se portará. Até então, havia um acordo entre as cúpulas dos três partidos para que permanecessem na base aliada.

"Estamos avaliando", disse o presidente do PP ao Broadcast Político, serviço de notícias da Agência Estado, nesta terça-feira, sinalizando que a direção da sigla poderá voltar atrás da decisão anunciada na semana passada de permanecer no governo até a votação do impeachment no plenário.

Ciro tem sido pressionado pela ala oposicionista do partido para desembarcar do governo. No domingo, nove diretórios regionais emitiram nota oficial apoiando o impeachment: RS, SC, PR, SP, DF, GO, ES, MG e AC.

Na segunda, o líder do PP na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PB), fez um discurso contra o impeachment, mas liberou a bancada para votar na comissão. Dos cinco votantes da sigla, três votaram a favor e dois contra o impeachment no colegiado.

Segundo o Placar do Impeachment do jornal O Estado de S. Paulo, dos 47 deputados do PP, 25 são a favor do impeachment e nove contra. Outros oito se declararam indecisos e cinco não responderam.

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