Por clarissa.sardenberg

Brasília - A presidente Dilma Roussef passou a manhã desta segunda-feira, em seu gabinete no Palácio do Planalto ao lado de auxiliares diretos, como os ministros Jaques Wagner e Ricardo Berzoini, avaliando um pouco os resultados da votação deste domingo e definindo estratégias para tentar reverter o quadro no Senado. O sentimento de decepção e repúdio às traições permaneciam na manhã desta segunda-feira e a maior queixa foi em relação ao PMDB, que deu apenas seis votos contra o impeachment. Esse resultado considerado "inacreditável" deixou claro para o núcleo do Planalto que cometeu um "erro grave" de manter o PMDB nos ministérios e concentrar energias na negociação com o partido, que já havia debandado.

Embora o Planalto reconheça que é "muito difícil" reverter a "onda contra o governo no Senado", o momento é de concentrar as forças naquela Casa, para tentar evitar que a presidente seja afastada do seu cargo. Na verdade, a situação é considerada "dramática". Nesta segunda-feira, no plenário do Senado, o governo tem apenas 21 votos, mas na primeira votação precisa de 41. Por outro lado, as projeções mostram que a oposição já teria os 45 votos necessários.

Saiba: Cunha entregará a Renan decisão do impeachment na tarde desta segunda

Dilma está disposta a lutar pelo seu mandato "com todas as suas forças" e isso é um dos pontos que ela pretende reforçar na fala que está preparando para fazer nesta segunda-feira. Não há uma definição, no entanto, do formato da fala de Dilma, que poderá ser à tarde. A presidente deve se encontrar com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) logo após o senador receber do deputado Eduardo Cunha a aprovação do pedido de impeachment de seu governo. 

No Planalto havia indignação com a foto publicada na imprensa do vice Michel Temer com largo sorriso nos lábios acompanhando a votação. Apesar da ira de todos, a presidente reiterou que precisa se concentrar na tentativa de convencer os senadores de não afastá-la do cargo.

O baque com o resultado deste domingo, no entanto, foi grande. Dilma estava indignada com o deputado Mauro Lopes, que foi ministro da Aviação Civil e que, na sexta-feira, almoçou com a ministra e senadora Kátia Abreu e sinalizou que, no mínimo se absteria de votar. Mas nunca votar contra, como fez. Dilma e sua equipe ficaram indignadas também com Alfredo Nascimento, afastado por Dilma na "faxina" que ela fez no início do seu primeiro mandato. O gesto foi entendido como "clara vingança".

Outro que deixou Dilma profundamente irritada e surpresa foi o deputado Adail Carneiro (PP-CE). Não que Dilma confiasse nele, mas ele esteve durante horas na tarde de ontem no Alvorada, onde Dilma se reunia com seus auxiliares, assegurou que votaria não para ela e o governador do Estado, Camilo Santana. Só que saiu de lá e votou a favor do impeachment. "Ué, esse cara não passou a tarde toda aqui com a gente e foi lá e votou contra?", queixou-se, "perplexa" Dilma. Mas, a cada voto prometido e não cumprido, Dilma repetia. "O que é isso? Não acredito. Que coisa!"

Paralelamente à ofensiva no Congresso, o Planalto está estudando ainda quando e de que forma entrará no Supremo Tribunal Federal com ação questionando o processo de impeachment. Mesmo sabendo que o Supremo já deu sinais que não quer se intrometer em questões do Congresso, o governo acha que não pode deixar de lutar em todas as frentes.



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