São Paulo - Sem provas para fazer nem trabalhos para entregar, a estudante de jornalismo da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) Hikary Cristina Bueno Alves, de 18 anos, desistiu de ir para a aula na quarta-feira, após se atrasar e perder o ônibus que passava às 17h30 perto de sua casa, em São Sebastião. Horas depois, o veículo sofreria o acidente que vitimou vários amigos seus.
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"Foi uma coisa inexplicável, porque não costumo faltar. Eu conhecia todo mundo, falava com eles, a gente brincava."
Ela soube do acidente na madrugada, quando amigos começaram a enviar mensagens pelo WhatsApp e Facebook. "Perguntaram se eu estava viva e fiquei completamente desesperada. Pensei nos meus amigos. Não consigo acreditar que isso aconteceu com as pessoas maravilhosas com quem eu falava todos os dias." A jovem estava muito emocionada e não parava de chorar.
Hikary, que está no primeiro período do curso, conta que já tinha medo do trajeto que o ônibus costuma fazer e que pensava em se mudar para Mogi das Cruzes."Sempre tive medo daquela serra e a estrada tem muita curva. Já pensava em ir morar em Mogi e, agora, estou pensando seriamente em me mudar."
Celulares das vítimas 'não param de tocar, afirma delegado
O delegado Fabio Pierre, da Delegacia de Bertioga, responsável pela investigação das causas do acidente na Rodovia Mogi-Bertioga, que deixou 18 estudantes mortos e outros 31 feridos, disse que, como os corpos ainda não foram identificados pelos familiares, os celulares das vítimas não param de tocar na delegacia. "Dezenas e dezenas de pertences das vítimas foram levados à delegacia. São bolsas, mochilas, agasalhos e celulares. Inclusive, alguns desses celulares estão tocando sem parar e a gente não sabe se são de pessoas que estão vivas ou que, infelizmente, faleceram. É uma tragédia sem precedente", disse o delegado.
Até as 8h desta quinta-feira, apenas um corpo havia sido reconhecido pela família - o da estudante de Psicologia Ana Carolina da Cruz Veloso, de 21 anos.