Por luis.araujo

Brasília - A Empresa Brasil de Comunicação (EBC) postou em sua conta oficial um tweet ironizando o presidente em exercício Michel Temer, em mais um capítulo da guerra da equipe da estatal nomeada pela presidente afastada Dilma Rousseff e o governo peemedebista. "Quando a pessoa escolhe passar vergonha… Planalto confirma Temer na abertura da Rio 2016", afirmava a publicação, que foi deletada pouco depois e trazia junto o link de uma matéria da Agência Brasil sobre o tema.

O tweet provocou a ira de auxiliares do presidente Temer. Pouco depois, em nota, o diretor-presidente da EBC, Ricardo Melo, considerou "inadmissível" a postagem e afirmou que ela "não representa a posição da empresa", além de anunciar que "determinou a abertura imediata de sindicância interna para apurar as responsabilidades sobre a publicação de texto no Twitter @ebcnarede".

Publicação provocou a ira de auxiliares do presidente em exercícioReprodução Twitter

A postagem feita pouco antes das 11 da manhã desta quinta-feira irritou o Palácio do Planalto, que iniciou grandes mudanças, como o desaparelhamento da empresa, e já manifestou até a intenção de extingui-la. Além da postagem, desagradou também o governo a publicação de uma matéria publicada pela agência EFE, também nesta quinta, que dizia que "a Federação Internacional de Jornalistas (IFJ) denunciou tentativas do governo interino de Michel Temer de 'desmantelar' a Empresa Brasileira de Comunicação (EBC) após os Jogos Olímpicos e pediu à imprensa internacional que também informe sobre esses 'jogos políticos'". 

A resposta acabou sendo dada, no início da tarde, pelo ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, que está no Rio participando de reunião de balanço das últimas preparações para a abertura dos Jogos Olímpicos.

"Antes do presidente Temer, tentaram, mudando estatuto e direção, 'desmantelar' a EBC. Erraram. Breve voltará ao normal", disse o ministro, também através de seu Twitter, no primeiro post. Padilha acrescentou ainda que "a EBC não será aparelho partidário. Será motivo de orgulho de seus funcionários e respeito e confiança dos brasileiros". 

A direção da EBC é um dos motivos da queda de braço entre os governos Dilma e Temer. Pouco antes de deixar a Presidência, Dilma nomeou Ricardo Melo para um mandato de quatro anos. Temer, assim que assumiu, exonerou Melo e nomeou Laerte Rímoli, que iniciou um processo de demissão dos servidores engajados com o governo petista, além de cancelar inúmeros contratos de jornalistas que faziam programas apenas defendendo o governo Dilma e do PT em geral.

Melo, no entanto, recorreu ao Supremo Tribunal Federal e, em dois de junho, o ministro Dias Toffoli concedeu liminar determinando o seu retorno ao cargo. Só que muitas modificações já haviam sido feitas na empresa, e um comando duplo está instalado desde então, já que a direção-geral da estatal está sob a direção de Christiane Samarco, nomeada por Temer. A advocacia Geral da União recorreu ao STF e o governo aguarda decisão, com afastamento definitivo de Melo. 

Enquanto isso, o governo Temer discute a possibilidade de editar uma Medida Provisória que acabaria com o estatuto atual, extinguiria o conselho curador e mudaria o formato da emissora de televisão. Mas o Planalto ainda aguarda um posicionamento do ministro Toffoli para tentar fazer o que chamam de "limpeza definitiva" na empresa.

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