Por caio.belandi
Taiana de Souza Camargo%2C ex-amante do doleiro Alberto Youssef%2C foi capa da Playboy em janeiro de 2015Reprodução

Rio - A defesa de Taiana de Sousa Camargo, ex-amante do doleiro Alberto Youssef, afirmou em manifestação ao juiz federal Sérgio Moro que ela está "abalada e estarrecida" com seu indiciamento na Operação Lava Jato. A Polícia Federal atribui à Taiana o crime de lavagem de dinheiro ou ocultação de bens, direitos e valores.

Grande operador de propinas no esquema instalado na Petrobras entre 2004 e 2014, o doleiro é um dos primeiros delatores da Lava Jato. Youssef revelou pagamentos de vantagens ilícitas por empreiteiras a políticos, entre deputados, governadores e senadores.

A PF afirma o doleiro transferiu diversos bens e patrimônio para Taiana a título de "presentes". Além de quitar despesas cotidianas de Taiana como condomínio e escola de seu filho, Youssef teria dado a ela em 2011 um veículo da marca BMW.

Segundo o advogado Anderson Cosme dos Santos, que defende Taiana, o doleiro se apresentou a ela "como um empresário de sucesso e dono da empresa Marsans Brasil, que atuava no ramo de hotelaria e turismo".

"O apartamento sempre foi da requerente e não de Youssef, todavia, depois que ele fez delação premiada, ela se convenceu de que aquele dinheiro poderia ser de proveniência ilícita e, não de dinheiro lícito que ela pensava que ele possuía por ele demonstrar e ostentar ser dono da empresa Marsans Brasil", observou o criminalista.

Na manifestação, Anderson Cosme dos Santos relata que Taiana, "reconhecendo essa possibilidade de origem ilícita nos recursos empregados pela compra do apartamento", entregou o imóvel à Receita Federal, "mesmo com o coração em frangalhos", após a delação premiada do doleiro.

Doleiro Alberto Yousseff é apontado como um dos principais operadores do esquema investigado pela Lava JatoAgência Senado

Ao juiz Moro, a ex-amante de Youssef confirmou que o doleiro "a sustentava, sustentava o filho dela, pagava todas as contas, dava presentes e cuidava de todas as questões burocráticas da vida da requerente e de seu filho".

"A requerente até hoje tem entendimento íntimo de que Youssef fazia tudo aquilo por ela e por seu filho, e não para esconder dinheiro, ressalvando-se os respeitáveis entendimentos em sentido contrário", alega a defesa.

Ainda de acordo com o relatório de indiciamento da PF, Alberto Youssef declarou que a ex-amante recebeu a sociedade do restaurante Aracari "porque ele tinha restrições perante a Receita Federal, constituindo-se, portanto, Taiana, como pessoa interposta (laranja) na sociedade".

O defensor de Taiana nega e afirma que a ex-amante de Youssef "foi proprietária e administrou mesmo o restaurante". "Não era nenhuma 'laranja'", declarou a defesa.

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