Por caio.belandi

Mato Grosso - O ex-presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso José Geraldo Riva afirmou ontem em depoimento à Justiça que o atual ministro da Agricultura Blairo Maggi, quando governador do Estado, entre 2003 e 2010, mandou superfaturar o orçamento do Legislativo para que o excedente fosse utilizado no pagamento de um "mensalinho" para deputados estaduais. O objetivo dos repasses, disse Riva, seria manter o apoio político do Legislativo ao Poder Executivo.

Atual ministro da Agricultura, Blairo Maggi é acusado de comprar deputados quando foi governador do Mato GrossoAgência Brasil

No seu depoimento, Riva - que negocia um acordo de delação com a Procuradoria-Geral da República - afirmou que o repasse de valores mensais existia antes mesmo de Blairo assumir o Executivo mato-grossense. Segundo ele, antes de 2003, ao contrário do que ocorreu na gestão Blairo, os valores saíam diretamente do Poder Executivo e eram destinados a apenas um grupo de deputados que formava a base do governo.

Riva disse que a mudança de método ocorreu nos primeiros meses da administração Blairo. De acordo com o ex-deputado, como o atual ministro durante sua campanha a governador, em 2002, teria feito discursos duros contra a Assembleia, ele foi cobrado a reativar os pagamentos quando assumiu.

De acordo com Riva, teria sido realizada então uma reunião da qual Blairo participou. No encontro, o então governador teria dito que não continuaria a efetuar os pagamentos via Executivo e que o que poderia ser feito era adicionar os valores dos pagamentos indevidos no orçamento da Assembleia para que depois o excedente fosse destinado aos deputados. A única condição imposta por Blairo, afirmou Riva, é que pagamentos a partir daquele momento teriam que beneficiar todos os deputados e não só um pequeno grupo.

"Blairo disse que ia reforçar o orçamento e era para que a gente adicionasse o valor do mensalinho, mas que deveria ser pra todos os deputados para não ter problema", disse Riva

Questionado pela juíza Selma Arruda se Blairo e Silvar Barbosa - sucessor do atual ministro no governo de Mato Grosso - sabiam que o acréscimo no valor do orçamento seria utilizada para pagamento do mensalinho, Riva disse que sim. "Tanto ele como Silval fizeram cientes de que o dinheiro era para o mensalinho "

Ministro nega esquema

Blairo Maggi afirmou, na sexta-feira, que o próprio ex-deputado José Geraldo Riva "reconheceu" que ele se recusou "terminantemente, enquanto governador de Mato Grosso, a participar de qualquer esquema de distribuição de propina a deputados".

"Tenho a consciência tranquila, nada fiz de errado e tenho certeza de que isso será devidamente comprovado", disse o ministro, ao comentar o depoimento de Riva prestado ontem à Justiça em Cuiabá.

Blairo declarou ainda que o Executivo, "no caso, o governador, não tem qualquer ingerência na execução orçamentária da Assembleia Legislativa".

"O orçamento do Estado de Mato Grosso é debatido e votado anualmente pela Assembleia Legislativa. Nele estão incluídas as previsões orçamentárias dos três poderes, que são independentes e fiscalizados pelo Tribunal de Contas do Estado", afirmou o ministro.

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