São Paulo - Um trecho de 34,9 quilômetros da rodovia Sebastião Ferraz de Camargo (SP-250), entre os municípios de Apiaí e Ribeira, no sudoeste paulista, acabou de ser recuperado e já está desmoronando.
Inspeção realizada por técnicos da prefeitura de Ribeira apontou ao menos dez pontos de erosões, deslizamentos, ruptura no sistema de drenagem e falhas no asfalto ao longo do trecho. A estrada liga o sudoeste paulista ao nordeste do Paraná e, em 2014, antes das obras, foi considerada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) a pior rodovia do Estado de São Paulo.
De acordo com o prefeito de Ribeira, Jonas Dias Batista (PSDB), a reforma da estrada não resistiu à primeira chuva forte. Mesmo assim, a empreiteira considerou a obra concluída e retirou as máquinas. Um documento com o relatório da vistoria e fotos dos locais avariados foi encaminhado à Secretaria de Logística e Transportes do Estado e à Assembleia Legislativa.
"As evidências dispostas no levantamento explicitam que as obras não atendem às necessidades dos municípios e tampouco aos padrões de qualidade, considerando que, em todo o trecho, havia registro de problemas antes mesmo da entrega final da obra", afirma o relatório assinado pelo prefeito.
A reforma do trecho custou R$ 91,3 milhões, o que dá média de R$ 2,6 milhões por quilômetro. Conforme o prefeito, já há pontos de interdição parcial na estrada por falhas construtivas. "As escadas de contenção que ficam nos morros, que deveriam aliviar o impacto das enxurradas, foram feitas de modo que causa efeito contrário, acelerando as erosões", disse. A Ellenco, empresa líder do consórcio contratado para a obra, informou que as chuvas destruíram partes da estrada e novas intervenções não estavam previstas em contrato, dependendo ainda de projetos que devem ser providenciados pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER), órgão da Secretaria que administra a rodovia.
O DER informou que o trecho corresponde ao lote 3 do pacote de obras para a modernização da rodovia entre Capão Bonito e a divisa com o Paraná. Dos quatro lotes, dois foram entregues, mas o lote 3 ainda não foi recebido pelo Estado. Os serviços, financiados pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), incluem recapeamento da pista, construção de faixas adicionais, melhoria nos acostamento e nova sinalização.
Conforme o DER, as chuvas torrenciais que atingiram a região entre o fim do ano passado e início deste ano causaram deslizamento de terra e danos no sistema de drenagem, cabendo ao consórcio vencedor da concorrência realizar os reparos, pois a obra ainda não foi considerada concluída. "Assim, este órgão estadual já realizou vistoria nos trechos que sofreram danos pelas chuvas e garante que a via será entregue em perfeitas condições aos usuários, em conformidade com o projeto contratado", informou em nota.
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