Região entre a Estação da Luz e o Viaduto Santa Ifigênia, conhecida como Cracolândia Agência Brasil
Por Agência Brasil
Publicado 24/02/2018 17:41 | Atualizado 24/02/2018 17:42

Rio - A retirada de lonas e outros materiais na região conhecida como Cracolândia, no centro da capital paulista, terminou em tumulto na tarde dessa sexta-feira. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, a confusão começou após uma “ação de limpeza da via pública realizada pelo município”. Moradores de rua que circulam no local começaram a depredar veículos. Ao ser acionada, a Polícia Militar (PM) utilizou “munições de menor potencial ofensivo” para dispersar o grupo. Ninguém foi preso.

A antropóloga Roberta Costa, integrante do coletivo A Craco Resiste, considera que ações truculentas da PM têm sido constantes na região. “Não é novidade a especulação imobiliária pressionar políticas públicas para que se tente resolver na porrada uma questão muito complexa”, afirmou.

Ela disse que é comum a retirada de dependentes químicos que estão na área. “A violência não começa com as pessoas do fluxo. Ela começa com isso que eles chamam de limpeza, que lá se chama de rapa. É o momento em que eles pegam os cobertores e as lonas. Nesse sol, nessa chuva, imagina ficar sem lona. Pegam os guarda-chuva das pessoas, pegam coisas básicas que elas precisam”, relatou.

Roberta afirmou ainda que, nessas situações, são poucas as pessoas que reagem, mas ela chama a atenção para a desproporção de força entre a polícia e os dependentes químicos. “Se o Poder Público rouba o cobertor, a lona, coisas de utensílios básicos de sobrevivência de alguém que está em situação de rua, as pessoas reagem. Mas é preciso pensar na desproporcionalidade. Eles xingam, jogam uma garrafa de plástico vazia. Uma pessoa descalça, de bermuda, sem camiseta versus uma pessoa de capacete, escudo, bomba, gás de pimenta, bala de borracha. Quem reage também reage de um jeito muito pouco danoso”, comparou.

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