Presidente acusa série 'O Mecanismo' de propagar fakenews.Reprodução/ Wikimedia - Gage Skidmore e Facebook
Por ESTADÃO CONTEÚDO
Publicado 27/03/2018 13:14 | Atualizado 27/03/2018 13:20

Rio de Janeiro - O diretor José Padilha rebateu as críticas feitas pela ex-presidente Dilma Rousseff à série 'O Mecanismo', que estreou nesta sexta-feira no Netflix. A trama trata das investigações da Operação Lava Jato. À reportagem, o diretor disse que a obra não tem ideologia e que escancara a corrupção. "A Lava Jato mostrou que PT e PMDB desviaram, juntos, bilhões de dólares dos cofres públicos. Lotearam o país, assim como o PSDB havia feito. Operaram o 'mecanismo'. Parasitaram os brasileiros. Não há como negar".

Dilma, em seu artigo, havia apontado o que chamou de distorções. Ela acusa a série de propagar 'fake news' ."O cineasta José Padilha incorre na distorção da realidade e na propagação de mentiras de toda sorte para atacar a mim e ao presidente Lula...".

Em coletiva de imprensa realizada na tarde desta segunda, ela acusou a Netflix de realizar "proselitismo eleitoral" com a série sobre corrupção. "Vou denunciar às autoridades de outros países que a Netflix está fazendo campanha política descaradamente. A empresa não foi criada para isso", afirmou a correspondentes de jornais internacionais no Rio.

"A Netflix não pode fazer campanha política. Se está fazendo no Brasil, pode vir a fazer em qualquer outro país."

Ela já havia falado de incômodos com a série, como, segundo disse, o uso indevido de uma frase em personagens trocados: "O cineasta tem o desplante de usar as célebres palavras do senador Romero Jucá (PMDB-RR) sobre 'estancar a sangria', na época do impeachment fraudulento, num esforço para evitar que as investigações chegassem até os golpistas. Jucá confessava ali o desejo de 'um grande acordo nacional'. O estarrecedor é que o cineasta atribui tais declarações ao personagem que encarna o presidente Lula".

À reportagem, Padilha diz que Dilma e a esquerda criam cortina de fumaça sobre o assunto da frase "estancar a sangria". "Os bandidos entram na sua casa, estupram a sua esposa, matam seus filhos e roubam tudo o que você tem. Na saída, surrupiam seu isqueiro... A esquerda viu a série e quer debater a cor do isqueiro. O PT de Lula se associou ao PMDB de Temer. Juntos, operaram o mecanismo. Desviaram bilhões de dólares dos cofres públicos. Petrobrás, Belo Monte, Eletrobras, BNDES. Parasitaram o cidadão. E a esquerda finge que não viu? Sinto muito. A esquerda enlouqueceu e ficou tão hipócrita quanto a direita. Hoje, estão todos de mãos dadas: os formadores de opinião da esquerda, Aécio Neves e Temer, torcendo para que o STF revogue a prisão em segunda instância. Depois, o maluco é o Ruffo", disse, citando o personagem Marco Ruffo, o delegado da série obcecado pelas investigações da Lava Jato, vivido por Selton Mello.

Que leitura ele faz das reações? "Petrobras, BNDES, Belo Monte… E ainda vêm aí os fundos de pensão. A polarização política é uma tentativa desesperada dos intelectuais de esquerda em tentar não ver que o elefante está aí. A verdade é clara: a esquerda brasileira foi e é tão corrupta quanto a direita. O mecanismo não tem ideologia." E como recebe as críticas de Dilma? "Como evidência de que, nos grandes temas, acertamos em cheio."

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