Partidários de Lula se reúnem em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, após a ordem de prisão AFP
Por CÁSSIO BRUNO
Publicado 05/04/2018 23:19

Rio - A decretação da prisão de Lula pelo juiz Sérgio Moro, em menos de 24 horas depois da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), provocou revolta entre os aliados do ex-presidente. Petistas criticaram o magistrado e garantiram que Lula continua pré-candidato à Presidência da República. A ordem para prendê-lo atrapalhou os planos do partido, que pretendia fazer hoje uma vigília em São Bernardo do Campo e teve de antecipar. Ainda não estava claro o que Lula faria hoje. O prazo para ele se entregar vai até 17h. Muitos petistas defendiam que ele não cumprisse a ordem.

O próprio Lula disse ao jornalista Kennedy Alencar, da rádio CBN, que sua prisão era uma obsessão do juiz Sérgio Moro. "O sonho de consumo desse pessoal e do Moro é me manter pelo menos um dia preso. Moro aposta na radicalização. Mas estou calmo e sereno", disse.

Para Gleisi, violência

Em vídeo, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou que a atitude de Sérgio Moro foi uma "violência" e um "golpe na democracia".

"O juiz Sérgio Moro, lá de Curitiba, sem esperar sequer o STF publicar a decisão de ontem (anteontem), expediu o mandado de prisão do presidente Lula. Ele sequer deixou que se esgotasse os recursos no TRF-4. A ânsia desse juiz de punir e perseguir o presidente Lula é uma coisa inconcebível", disse.

Mais cedo, antes da determinação de Sérgio Moro, Gleisi Hoffmann, confirmou, em São Paulo, que Lula permanecerá sendo pré-candidato do partido.

"Não aceitamos esta prisão como ela está estabelecida. Consideramos uma prisão política que vai expor o Brasil ao mundo. Viraremos uma republiqueta de bananas. Lula continua sendo o nosso candidato", afirmou.

A deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) declarou que a decisão foi "inaceitável".

"Moro tem seu despacho de prisão contra Lula pronto há quanto tempo? Inaceitável! (...) Lula e os advogados decidirão e tem meu apoio, mas não creio, por ser inocente, que Lula deva se entregar em Curitiba", escreveu ela no Twitter.

Para Maria do Rosário, a prisão de Lula é "revoltante" porque "não toleram a força e dignidade do operário".

"A diferença não está nos lugares que se ocupa, mas no caminho que foi percorrido até eles. Lula é inocente e sofre injusta perseguição política! A história reserva os piores lugares aos injustos que o atacam", afirmou a parlamentar.

O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) também atacou Sérgio Moro:"Moro, alçado ao estrelato para cumprir o papel de verdugo de Lula, conseguiu o que queria. Menos de 24h depois da sessão do STF, sai a ordem de prisão. Lula é um gigante; Moro é um patético serviçal do capital".

CANDIDATURA MANTIDA

Embora não tenha citado o juiz Sérgio Moro nominalmente, o senador Humberto Costa (PT-PE) seguiu com o mesmo discurso de Lindbergh: "É mais um declarado abuso nessa caçada política implacável contra Lula. É um escândalo, que envergonha o Brasil".

Nos bastidores, a estratégia de Lula e do PT é registrar a candidatura até 15 de agosto, como determina o calendário eleitoral. Além disso, a ideia será de polarizar o discurso político. Mas dentro do partido a expectativa é de que o ex-presidente não consiga se inviabilizar eleitoralmente já que foi condenado em segunda instância a 12 anos e um mês de prisão no caso do triplex do Guarujá.

Os petistas querem levar a pré-candidatura de Lula até as últimas consequências para cooptar votos em nome dele e, em seguida, lançar um plano B. As opções seriam o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad e o ex-governador da Bahia Jaques Wagner, indiciado pela Polícia Federal por suspeita de receber propina na reconstrução do estádio Fonte Nova para a Copa do Mundo, em 2014. Outra opção mais remota seria o PT apoiar Ciro Gomes (PDT).

Ontem, o Palácio do Planalto informou que o presidente Michel Temer não comentaria a prisão de Lula. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) disse, em nota, que "que têm responsabilidade pública, não pode celebrar a ordem de prisão de um ex-presidente".

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Lamento e celebração dos candidatos
Alguns pré-candidatos à Presidência também se manifestaram sobre a decisão do juiz Sérgio Moro. Geraldo Alckmin (PSDB) declarou que a prisão de Lula "simboliza uma importante mudança" no país:
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"É lamentável ver a decretação da prisão de um ex-presidente, mas tenho a convicção de que isso simboliza uma importante mudança que vem ocorrendo no Brasil: o fim da impunidade".
Pré-candidato do PSOL, Guilherme Boulos, defendeu Lula. "Haverá resistência à prisão", disse, e convocou movimentos sociais para mobilização. á Manuela D'Ávila, pré-candidata do PCdoB, escreveu: "Seguimos juntos, Lula! O Brasil vale a luta!". Ciro Gomes (PDT) disse estar acompanhando o caso com "muita tristeza". Marina Silva (Rede) classificou como "acontecimento triste", mas "numa democracia, decisões da Justiça devem ser respeitadas". Bolsonaro manteve silêncio.
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