Brasília - A expectativa foi grande, mas, ao final, aconteceu muito pouco ontem. Às 17h, se encerrou o prazo dado pelo juiz Sérgio Moro para que Lula se entregasse, com manifestantes fazendo contagem regressiva em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo. Do lado de dentro, o líder petista, que dormiu no prédio e continuava ali na noit de ontem, recebia aliados e promovia sucessivas reuniões com advogados e lideranças políticas.
Emissários do PT e a Polícia Federal negociaram ao longo de todo o dia. Um avião foi mantido no Aeroporto Internacional de São Paulo à espera de Lula.
Enquanto isso, a defesa do ex-presidente tentava novos recursos para barrar a prisão. À noite, foi impetrada uma reclamação no Supremo Tribunal Federal (STF) para suspender a prisão até que o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) acabe de julgar todos os recursos. O ministro Edson Fachin foi sorteado relator.
Mais cedo, um pedido similar havia sido feito ao Supremo Tribunal de Justiça - e negado. Até a ONU foi acionada. A defesa do petista protocolou no Comitê de Direitos Humanos da organização, em Genebra, um pedido de liminar para evitar a prisão.
À noite, após a Polícia Federal informar que não faria nada para prender Lula ontem, fontes petistas afirmavam que Lula se entregará hoje, em São Paulo, após uma missa em homenagem à mulher dele, Marisa Letícia, que morreu no ano passado e faria 68 anos hoje.
Entre os petistas em São Bernardo, ao longo do dia, a disposição era de que o ex-presidente não se entregasse. Um dos que defendiam essa posição era o ex-minisro Gilberto de Carvalho. "É para resistir, claro. Quero que o povo faça um cordão humano para impedir a prisão. É o que nos resta fazer", disse, ao Estado de S. Paulo.
Lula não fala
Ao longo do dia, houve rumores de que o petista discursaria no palanque em frente ao Sindicato. Seria ao meio-dia e não aconteceu; depois, às 17h, o prazo fatal dado por Moro para a rendição voluntária. No entanto, apenas acenou para os seguidores pela janela.
Lideranças de inúmeros segmentos discursaram, diante de cerca de 30 mil manifestantes. A presidente do PT, Gleisi Hoffman, foi porta-voz de Lula e falou sobre a missa que será às 9h30. Segundo a petista, Lula aguarda as manifestações do STF e da ONU.
No mundo virtual, a expectativa tornou a hashtag #OcupaSaoBernardo a mais popular do Twitter no Brasil e no mundo. O petista foi manchete na versão digital do argentino Clarín. Já o The New York Times, nos EUA, chamou o petista de "um dos mais transformadores líderes de sua geração na América Latina".
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