Estudantes e servidores da Universidade de Brasília protestam por mais recursos para a universidade Antônio Cruz / ABr
Por Agência Brasil

Brasília - Uma manifestação na porta do Ministério da Educação, na Esplanada dos Ministérios, na tarde desta terça-feira, terminou em confronto entre policiais militares e manifestantes. Os manifestantes, funcionários, professores e estudantes da Universidade de Brasília (UnB), reivindicavam recursos para a universidade.

A Polícia Militar usou gás lacrimogênio, gás de pimenta e balas de borracha para dispersar a manifestação, após um grupo de mascarados atirar pedras e pedaços de pau nos policiais que tentavam impedir a entrada dos manifestantes no prédio do ministério.

A estudante de Direito Bruna Araújo participou do ato e disse que a ação policial foi desproporcional ao número de manifestantes. “Na medida em que mais pessoas começavam a chegar no ato, começou a se espalhar entre os participantes a pergunta “vamos entrar no prédio ou não vamos”, e a polícia começou a se preparar. O número de policias no local foi só aumentando”, disse.

A Polícia Militar não revelou o número de policiais envolvidos na operação, mas informou que além da tropa do 6º Batalhão, havia tropas especializadas como cavalaria, batalhão de choque e o Patamo.

Por volta das 11h30, houve o primeiro confronto entre policiais e alguns estudantes. “Após os manifestantes fecharem a Via N1 [via de acesso ao anexo do ministério], começaram a chegar vários camburões e ônibus cheios de policiais, além da cavalaria. Houve muita correria devido às bombas de efeito moral e tiros de borracha”, disse a estudante Bruna Araújo.

Polícia Militar

O comandante do Batalhão Esplanada, da Polícia Militar, major Cassaro, disse que por volta das 9h30 chegou um grupo de cerca de 400 pessoas no Ministério da Educação, e que tropa se posicionou para evitar a invasão do prédio, já que as palavras de ordem do carro de som era de “invadir o MEC”.

Segundo major Cassaro, por volta das 14h um grupo de mascarados jogou pedras e pedaços de pau contra as tropas, além de picharem palavras de ordem e quebrarem vidros da fachada do MEC. “A partir do momento que a tropa é agredida, acaba a manifestação. A ordem de dispersão é iminente e a dispersão é total. Foram usados todos os equipamentos de uso não letal que a polícia possui até a dispersão total dos manifestantes.”

O comandante disse que desde o começo o ato passou a ideia de agressividade, pois havia pessoas mascaradas e com mochilas com pedaços de pau, mas eram minoria. “Havia um pequeno grupo exaltado, formado por pessoas mascaradas, que já vêm mal intencionados. Logo que chegaram (à porta do Ministério da Educação) quebraram alguns vidros. Um indivíduo foi preso e um segundo foi identificado, mas ainda não foi detido”.

Negociação interrompida

O coordenador geral do DCE/UnB, Hélio Barreto, estava no prédio do MEC com representantes do Sindicato dos Trabalhadores da Fundação Universidade de Brasília (SintFub), da Fasubra e do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), para participar de uma reunião com representantes do ministério no momento em que a confusão teve início. Ele não acompanhou a ação policial.

“Fomos recebidos por volta das 14h para uma reunião com o secretário de Finanças da Secretaria de Ensino Superior do MEC, mas o confronto externo deu o argumento para que a reunião fosse cancelada.”, explicou.

Segundo ele, a invasão do prédio não era vontade da maioria dos manifestantes presentes e nem foi provocado pelas entidades que organizaram o ato.

Barreto disse que a principal reivindicação da manifestação é a necessidade de uma suplementação orçamentária. “O MEC não está mentindo quando diz que aumentou o recurso da UnB, isso é verdade. Mas não aumentou o suficiente para acompanhar a progressão de gastos com pessoal, gerando cortes em outras áreas. A segunda demanda é que o MEC libere o recurso gerado pela UnB e emendas parlamentares, que somam R$ 14 milhões e estão bloqueadas”.

Posição do MEC

Por meio de nota, o Ministério da Educação confirmou que “suspendeu a reunião com representantes da UnB após manifestantes encapuzados quebrarem janelas com paus e pedras e tentarem invadir o prédio sede do MEC”.

A reunião contava com seis representantes de professores, alunos e servidores, além da equipe da Secretaria de Educação Superior e da Secretaria Executiva do Ministério, e serviria para “receber as reivindicações e apresentar a real situação orçamentária e financeira da UnB”.

O comunicado também diz que a UnB já recebeu 60% dos recursos para custeio de 2018 e que “portanto, não procede a informação que a instituição pode fechar nos próximos meses por falta de recursos”.

De acordo com o MEC, a UnB foi a universidade que mais gastou com despesas correntes para apoio administrativo, técnico e operacional, totalizando R$ 80 milhões, valor superior ao gasto por universidades de mesmo porte, como a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que gastou R$ 60 milhões com esse tipo de despesa.

O ministério disse que “os problemas enfrentados pela UnB são no âmbito da gestão interna da instituição, uma vez que a aplicação dos recursos garantidos e repassados pelo MEC é definida pela universidade como prevê a autonomia administrativa, de gestão financeira, orçamentária e patrimonial, de acordo com a Constituição Federal”.

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