LABIRINTOARTE: KIKO
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Publicado 14/04/2018 20:10 | Atualizado 16/04/2018 16:23

O cenário político brasileiro mudou completamente em 5 de abril, quando o juiz Sérgio Moro ordenou a prisão do ex-presidente Lula. Apesar de não se saber por quanto tempo o petista ficará na cadeia, não há jurista que acredite que ele ainda reúna condições legais de ser candidato. Mesmo os petistas já discutem, discretamente, as opções. E todos os candidatos a candidatos se preparam para uma situação, no mínimo, estranha: uma eleição onde o líder nas intenções de voto está fora do páreo.

"É uma nova fase. A forma de fazer campanha é outra sem o ex-presidente Lula na corrida. Os candidatos agora não terão um homem a ser batido, um candidato que certamente teria vaga no segundo turno", diz o jurista e cientista político Valdir Alexandre Pucci, da Universidade de Brasília (UnB).

Nas pesquisas de intenção de voto, fora Lula, que detém em torno de 35% do eleitorado, e Jair Bolsonaro, que oscila em torno de 15%, nenhum dos candidatos alcança 10% da preferência do eleitorado. Sem Lula, quem poderá se beneficiar? Fábio Vasconcellos, cientista político e professor na Uerj, diz que o momento é de completa indefinição. E ele adverte que, com as mudanças nas campanhas (veja entrevista abaixo), hoje sob influência decisiva das redes sociais, quem achar que parte na frente, após a prisão de Lula, terá surpresas. "Eleições costumavam ser mais previsíveis. Quem largava na frente e tinha densidade, de modo geral, vencia. De um tempo para cá, a situação está mais desafiadora. A definição virá no último mês de campanha".

Há menos de seis meses, o quadro de indefinição das candidaturas permanece. O maior partido do país, o MDB, não sabe quem será seu candidato - ou mesmo se terá algum. O presidente Temer e o ex-ministro Henrique Meirelles disputam a legenda, com o primeiro constantemente bombardeado por denúncias de corrupção.

À direita, Jair Bolsonaro (PSL-RJ) tem a candidatura consolidada, mas sofrerá duros ataques ao herdar de Lula a liderança na corrida. E já começa a nova fase da campanha sofrendo um revés: a denúncia da Procuradoria-Geral da República por racismo, na sexta-feira. Além disso, a ausência de Lula esvazia boa parte do discurso do ex-militar. "A tendência é de grande polarização,mas quem vai chegar bem, não se sabe. Temos mais dúvidas do que certeza", diz Pucci.

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