Rio - Policiais federais prenderam 14 pessoas, na manhã desta quinta-feira, durante a operação "Câmbio, Desligo", mais um desdobramento da Lava Jato, que visa doleiros que operavam no Brasil e no exterior. Do total de detidos, oito foram encontrados em São Paulo e seis no Rio. Às 10h30, a ação ainda estava em andamento.
Em conjunto com o Ministério Público Federal (MPF), a nova fase da Lava Jato foi iniciada após uma determinação do juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Criminal do Rio. Ao todo, os policiais têm o objetivo de cumprir 43 mandados de prisão preventiva no Brasil e seis de prisão preventiva no exterior, quatro de prisão temporária, e 51 mandados de busca e apreensão. Além do Rio e de São Paulo, os mandados são cumpridos também em Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Distrito Federal, Paraguai e Uruguai.
A ação tem como objetivo desarticular organização criminosa especializada na prática de crimes financeiros e evasão de divisas, responsável por complexa estrutura de lavagem de dinheiro transnacional, ocultação e ocultação de divisas. A delação dos doleiros VinÃcius Vieira Barreto Claret, o Juca Bala, e Cláudio Fernando Barbosa, o Tony, resultou na operação.
Eles trabalhavam em esquema que envolvia o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (MDB) e revelaram a existência de um sistema chamado Bank Drop, composto por 3 mil offshores em 52 paÃses, e que movimentava US$ 1,6 bilhão. Os alvos são doleiros, clientes desse sistema e usuários finais do esquema. Um dos mandados é contra o doleiro Dário Messer, que tem residência tanto no Rio de Janeiro quanto no Paraguai.
'Câmbio, Desligo' vai atrás de suposto operador de Padilha
Um dos alvos da "Câmbio, Desligo" é Antônio Claudio Albernaz Cordeiro, conhecido como Tonico, em Porto Alegre. Ele já havia sido alvo da 23ª fase da Lava Jato, a "Xepa", mas foi liberado ao fim do perÃodo da prisão temporária. Albernaz teria recebido R$ 1 milhão para o ministro da Casa Civil Eliseu Padilha, sob o codinome "Angorá", segundo delação de Cláudio Melo Filho. No mesmo depoimento, ele cita que a Odebrecht teria efetuado o repasse de outra parte do valor acordado por meio da entrega no escritório do advogado José Yunes, amigo de Michel Temer.
"No caso em concreto o codinome utilizado pelo setor de operações estruturadas para definir Eliseu Padilha nesta operação financeira foi "Angorá". A tÃtulo de informação, que reforça a relação de representação entre Eliseu Padilha e Moreira Franco, este último tem o apelido de Gato Angorá", diz o delator na página 53 do anexo sobre o pagamento dos R$ 4 milhões para Padilha.
O ministro Eliseu Padilha negou qualquer relacionamento. "Não fui candidato em 2014. Nunca tratei de arrecadação para deputados ou para quem quer que seja. A acusação é uma mentira! Tenho certeza que no final isto restará comprovado", explicou Padilha na época.
Esta é a maior ofensiva já desfechada no PaÃs contra o mundo dos doleiros. Os maiores operadores do câmbio negro estão sendo presos. Nomes históricos, alguns até então intocáveis, são alvo de mandado de prisão, como a famÃlia Matalon, Marco Antônio Cursini, os irmãos Rzezinski e Chaaya Moghrabi.
Com informações do Estadão Conteúdo