O diretor executivo do Instituto Vladimir Herzog, Ivo HerzogMarcelo Camargo/Agência Brasil
Por Agência Brasil
Publicado 12/05/2018 13:39 | Atualizado 12/05/2018 13:47

BRasília - O engenheiro Ivo Herzog, filho do jornalista Vladimir Herzog, divulgou nesta sexta-feira a carta que enviou ao ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, sobre o memorando da CIA (serviço de inteligência dos Estados Unidos) que revela novos fatos envolvendo o Estado na morte de seus opositores durante a ditadura militar, sob a presidência do general Ernesto Geisel (1974-1979).

Na carta, Ivo Herzog pede que o governo brasileiro solicite ao governo norte-americano a liberação completa dos registros feitos pela CIA. "A família Herzog vem a Vossa Senhoria solicitar manifestação do Ministério das Relações Exteriores solicitando ao governo norte-americano a liberação completa dos registros realizados pela Agência Central de Inteligência (CIA) que documentam a participação de agentes do Estado brasileiro em operações para torturarem ou assassinarem cidadãos brasileiros", diz o texto.

Diretor do telejornal Hora da Notícia, veiculado pela TV Cultura de São Paulo, Vladimir Herzog foi morto em outubro de 1975 sob tortura pelos militares após ser detido nas dependências do Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI/CODI). Ele deixou a esposa Clarice e os dois filhos, Ivo e André, na época com 9 e 7 anos, respectivamente.

Na época, a morte foi divulgada pelo Exército como suicídio com a utilização de uma foto forjada. Em 2013, como parte dos trabalhos da Comissão Nacional da Verdade (CNV), a família conseguiu a retificação do atestado de óbito no qual consta que a morte do jornalista se deu em função de "lesões e maus tratos sofridos durante os interrogatórios em dependência do 2º Exército (DOI-CODI)".

Ivo Herzog finaliza a carta lembrando que Aloysio Nunes, assim como a família Herzog, sabe o que foi "o terror e a violência" promovidos pela ditadura brasileira. "Uma nação precisa conhecer sua história oficialmente para ter políticas públicas que previnam que os erros do passado se repitam", conclui.

Procurado pela Agência Brasil, o Itamaraty respondeu que ainda não tem um posicionamento oficial sobre a carta enviada.

Depois, em nota, o Itamaraty confirmou que recebeu a carta, datada de 11 de maio, e "examina o encaminhamento da solicitação nela contida".

 

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