Penitenciária II de Presidente Venceslau, em São PauloReprodução/TV Fronteira
Por ESTADÃO CONTEÚDO
Publicado 15/06/2018 14:04

São Paulo - A investigação que terminou com a Operação Echelon, deflagrada nesta quinta-feira contra o Primeiro Comando da Capital (PCC), partiu de uma "pescaria" feita nos dutos de esgoto das raias da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, no interior paulista.

Em março do ano passado, o setor de inteligência da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) simulou um problema em um dos dutos de esgoto da cadeia, que mantém presos os líderes da organização criminosa. Era um problema falso. "No lugar de reparar o esgoto, instalamos telas nos dutos", explicou o secretário da SAP, Lourival Gomes.

As redes serviriam para reter cartas que os presos picavam e jogavam pelo esgoto em dias de revistas nas celas. Essas cartas continham os "salves", as orientações para os membros do PCC em liberdade.

As ordens de execução de rivais e agentes públicos têm de ser escritas, segundo regras internas da facção. "Sempre que fazíamos uma operação, eles jogavam as cartas", disse Gomes.

Após recolher e limpar os papéis picados encontrados em meio ao esgoto, os agentes separaram o material por cor de caneta - havia correspondências escritas em verde, em preto e em vermelho - e, depois, com a ajuda de peritos, por letra do autor. Em uma terceira etapa, essas letras foram comparadas com os documentos da própria SAP assinados pelos internos. Foi assim que se chegou aos sete homens acusados de liderar a expansão do PCC para o restante do Brasil.

Ethos

A coleta dos papéis picados no esgoto começou a ser pensada depois de outra operação contra o PCC, a Ethos, deflagrada em novembro de 2016, que também visava a cortar as comunicações da cúpula do PCC com os criminosos na ruas. Naquela ação, os alvos principais foram advogados que faziam o "pombo-correio", levando notícias de um preso para outro ou para membros da facção fora dos presídios. Esses advogados ficaram conhecidos como a "sintonia dos gravatas". As provas coletadas na operação Ethos renderam, no começo deste ano, nova condenação por organização criminosa a Marcos Willians Camacho, o Marcola, líder do PCC. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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