Por Agência Brasil

São Paulo - O uso da inteligência artificial no cotidiano, até com o cuidado da saúde dos filhos, é bem vista pela maioria dos pais nascidos nas décadas de 1980 e 1990, chamada geração millenial. Uma pesquisa feita pelo Institute of Electrical and Electronic Engineers (IEEE) mostrou que 31% dos pais e mães brasileiros confiariam totalmente no uso desse tipo de tecnologia para decisões médicas importantes relacionadas aos filhos, enquanto 51% disseram ter confiança moderada.

O estudo fez 2 mil entrevistas em cinco países (Estados Unidos, Reino Unido, Índia, China e Brasil). Foram ouvidos pais e mães entre 20 e 36 anos de idade com filhos de até oito anos. O IEEE é uma associação dedicada ao progresso da ciência, fundada em 1884 e que agrega profissionais e pesquisadores de diversas áreas.

A maior parte dos brasileiros (60%) disse que deixariam os filhos serem submetidos a cirurgias por robôs operados com inteligência artificial. O índice é maior do que o dos Estados Unidos e do Reino Unido, onde 45% dos pais ficaram confortáveis com a possibilidade. Na Índia, entretanto, o índice sobre para 78% e na China chega a 82%.

Os resultados mostram, segundo Luis Lamb, um dos membros do IEEE, que as pessoas estão compreendendo os avanços na área da inteligência artificial como algo que vai se incorporar ao seu modo de vida. “A adesão à tecnologia está se consolidando na sociedade. As pessoas já têm uma ideia que a tecnologia é algo que vai permear a vida delas, permear o futuro dos seus filhos”, enfatizou Lamb, que também é professor na Universidade Federal do Estado do Rio Grande do Sul.

“A adoção de conceitos de ciência e tecnologia pela população, o entendimento das pessoas é fundamental para que essa tecnologia seja adotada. Caso contrário, ela não tem sucesso”, acrescenta o professor. “A gente pode dar o exemplo da urna eletrônica no Brasil. A população apoiou a ideia, a sociedade faz uso. Essa é que a importância”.

Segurança e tarefas domésticas

Mãe de Arthur, um menino de um ano de idade, a publicitária Karina Nascimento, de 27 anos, acredita que as máquinas podem, se bem programadas, evitar falhas cometidas por seres humanos. “Meu sogro faleceu por erro médico. Um humano analisando um exame foi capaz de errar”, compara.

Sobre os possíveis usos da inteligência artificial na vida diária, Karina acredita que a tecnologia possa ser empregada para melhorar a sensação de segurança da família. “Segurança residencial, talvez, morando em casa. Algum tipo de tecnologia de exames, mais relacionada à medicina. Transporte também, né?”, enumera.

“Aqui no Brasil a gente está muito preocupado com segurança. Essa é uma área onde essa inteligência artificial deve atuar muito”, corrobora o cineasta Fábio Rodrigo, de 35 anos e pai de Vinicius, de 4 anos. “Acredito que para a nossa realidade do Brasil as coisas que mais vão se adaptar são as coisas de casa. Pessoas que não tem tanto tempo para estar em casa podem cuidar de certos aspectos à distância”, acrescenta.

Acidentes de percurso

 

Na atualidade, os experimentos mais conhecidos de aproximação da inteligência artificial com a vida cotidiana têm sido relacionados ao desenvolvimento de carros conduzidos por máquinas. Em março deste ano, um modelo em desenvolvimento pela Uber atropelou e acabou matando uma mulher no estado do Arizona, nos Estados Unidos.

Luis Lamb lembra que historicamente a introdução de novas tecnologias tem o percurso marcado por alguns acidentes. “Quando foram introduzidos os carros no início do século 20 havia muitos acidentes e havia uma resistência à introdução dos carros”, comentou.

Porém, ele acredita que nos dias de hoje os cuidados são maiores do que naquela época. “Mesmo que haja acidentes, acredito que serão poucos pelas precauções de segurança humana que se toma hoje em dia, justamente porque existe um grande interesse que essa tecnologia tenha sucesso”, enfatizou.

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