Jair Bolsonaro, candidato do PSL à Presidência da República - AFP / Evaristo Sá
Jair Bolsonaro, candidato do PSL à Presidência da RepúblicaAFP / Evaristo Sá
Por ESTADÃO CONTEÚDO

São Paulo - O candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, participou, nesta segunda-feira, do programa Roda Viva, da TV Cultura, na Zona Oeste de São Paulo. No programa, o deputado foi questionado por várias de suas declarações polêmicas, como a discussão com a deputada Maria do Rosário (PT-RS) e os comentários em relação aos quilombolas.

Ele voltou a se colocar contra cotas para negros nas universidades e defendeu um sistema de meritocracia. "Vão pedir cota para nordestino agora?", questionou. Ele também se defendeu das acusações de que foi machista com a deputada Maria do Rosário, que atualmente o processa. Bolsonaro se queixou que metade dos 30 processos que tem contra ele seja por declarações dadas na tribuna da Câmara. Na tribuna da Câmara, eu tenho imunidade", se defendeu.

O candidato também defendeu a ditadura militar (1964-1985) e disse que, se eleito, não vai abrir os arquivos do regime. O parlamentar afirmou ainda que os atos cometidos pelos militares se justificavam pelo "clima da época, de guerra fria", e que teria agido da mesma maneira se estivesse no lugar deles.

"Não houve golpe militar em 1964. Quem declarou vago o cargo do presidente na época foi o Parlamento. Era a regra em vigor", disse Bolsonaro. O presidenciável defendeu ainda as atuações dos militares em casos de tortura e também a figura do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra (1932-2015), a quem homenageou em seu voto durante o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. "Abominamos a tortura, mas naquele momento vivíamos na guerra fria", justificou. Brilhante Ustra foi chefe do DOI-Codi, um dos principais centros de tortura durante a ditadura.

Bolsonaro ainda reclamou que a imprensa escolhe apenas os casos que afetaram militantes da esquerda para comentar. "Vocês só falam sobre casos da esquerda. Por que não falam sobre o atentado do aeroporto de Guararapes, em que morreu o Edson Regis?", questionou, fazendo referência a um atentado a bomba ocorrido em Recife em 1966. "Um dos militantes da AP, não digo que estava lá, era o José Serra. Vamos botar o Serra nos banco dos réus então."

Pressionado pelos jornalistas convidados a falar sobre a abertura dos arquivos da ditadura militar, o presidenciável disse duvidar que eles ainda existam. "Não vou abrir nada. Esquece isso aí, vamos pensar daqui pra frente", desconversou.

Economia

Bolsonaro ainda listou as medidas que pretende implantar no plano econômico e entre elas a privatização de "boa parte" das estatais brasileiras e medidas para desburocratizar a economia.

"Se o governo não atrapalhar o empreendedor, temos como melhorar a questão do desemprego no Brasil", resumiu o presidenciável, que foi entrevistado do Roda Viva desta semana.

O deputado, que reiteradas vezes é lembrado por ter demonstrado uma visão estatista em seu histórico parlamentar, veio ao programa acompanhado do economista de sua campanha, Paulo Guedes, e afirmou que "não existe plano B" para ele, a quem adiantou ser o ministro da Fazenda caso vença as eleições de outubro.

Como em vezes anteriores, ele reforçou a necessidade de se aprovar uma reforma da Previdência, mas disse ser contra o modelo defendido pelo governo do presidente Michel Temer. Bolsonaro ainda defendeu que os policiais tenham um plano diferenciado em relação ao sistema geral de aposentadoria dos civis. Ele ainda admitiu que existe corrupção entre os militares, mas defendeu ser "infinitamente menor" que entre os civis.

Após o programa, o candidato disse a jornalistas que a escolha do vice em sua chapa se afunilou entre os nomes da advogada Janaína Paschoal, do príncipe Luiz Philippe de Orleans e Bragança e do deputado federal Marcelo Álvaro Antônio (PSL-MG).

O presidenciável, no entanto, não escondeu sua preferência pela advogada, coautora do pedido de impeachment de Dilma Rousseff. "É o plano A. Conversei hoje pela segunda vez com Janaína e tem tudo para dar certo", afirmou Bolsonaro, na noite desta segunda-feira.

Segundo o candidato, questões familiares de Janaína ainda impedem o fechamento de um acordo. Ele espera uma resposta até domingo, dia 5.

Caso a advogada não aceite o convite, Bolsonaro disse que o príncipe Luiz Philippe deverá integrar sua chapa. Álvaro Antônio seria a terceira opção, para o caso de uma nova recusa.

A busca por um vice tem movimentado a campanha bolsonarista desde a recusa do senador Magno Malta (PR-ES), que preferiu tentar a reeleição. Outros sete nomes chegaram a ser cogitados, entre eles o do astronauta Marcos Pontes, o do presidente licenciado do PSL, Luciano Bivar, e de dois generais da reserva

Bolsonaro, no entanto, minimizou a questão. "Eu sou o único candidato com três vices. Além do oficial, tem o Magno, que pediu pra eu ir à convenção dele, e também o (general Augusto) Heleno. Eles estão engajados em minha campanha", disse. Heleno é filiado ao PRP, mas o partido recusou a aliança e vetou sua participação na chapa.

No Roda Viva, Bolsonaro estava acompanhado de Janaína, de Luiz Philippe e do general Heleno.

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