Henrique MeirellesAFP PHOTO / EVARISTO SA
Por ESTADÃO CONTEÚDO
Publicado 02/08/2018 11:36 | Atualizado 15/08/2018 17:56

São Paulo - A cúpula do MDB está sondando a senadora Marta Suplicy (SP) para ser vice na chapa de Henrique Meirelles à Presidência da República. Ex-petista, Marta ainda não tomou uma decisão sobre o seu futuro político e não foi à convenção do MDB que homologou a candidatura de Paulo Skaf (MDB) ao governo de São Paulo, no sábado passado.

A campanha de Meirelles avalia que Marta, ex-prefeita de São Paulo pelo PT, ajudaria o ex-ministro da Fazenda a crescer em pouco tempo para cerca de 5% dos votos - hoje ele está estacionado em 1% nas pesquisas. Ter uma vice mulher é uma estratégia considerada fundamental pelo MDB para agregar votos. Atualmente, as mulheres representam 52% do eleitorado nacional.

Apadrinhado pelo presidente Michel Temer, o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles será oficializado nesta quinta-feira candidato à Presidência da República na convenção nacional do MDB, preveem caciques do partido, embora sua candidatura não seja unanimidade na legenda, e ele tente se associar à imagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), condenado e preso na Lava Jato.

Apoiadores de Meirelles contam ter a maioria absoluta dos 598 votos na convenção. Depois de 24 anos sem ter um cabeça de chapa na disputa, o MDB pode ter um vice do próprio partido na eleição presidencial.

O senador Romero Jucá (RR), presidente nacional do partido, afirmou na quarta-feira que ainda existem esforços finais para atrair a Meirelles siglas nanicas, mas descartou chances de ceder vaga na chapa. "Tem conversas, mas não para indicar vice", disse Jucá.

O ex-ministro se apresentará como homem de sucesso no setor privado e responsável por políticas econômicas nos governos Temer e Lula, em busca do espólio eleitoral do petista. Ele divulgou nas redes sociais um vídeo no qual o petista o elogia. "Sou um homem que tenho muito respeito pelo Meirelles e devo a esse companheiro a estabilidade econômica e o respeito que o Brasil tem hoje no mundo", afirma Lula na gravação.

Temer

Embora Temer vá aparecer nesta quinta-feira ao lado do ex-ministro, toda a campanha está sendo montada para que ele fique distante do palanque. Pesquisas eleitorais indicam que a alta impopularidade do presidente (82% de reprovação) contamina não apenas a candidatura de Meirelles como quem dele se aproximar. Nas últimas semanas, Meirelles e a ala política do Planalto repetiram que a candidatura tem como pilar o histórico do ex-ministro e suas ações na Fazenda, uma tentativa de descolar o candidato da imagem de Temer.

O ex-ministro vai se apresentar aos correligionários como um gestor de resultados, um homem capaz de promover a "transformação" do país. Em uma convenção com ares de superprodução, Meirelles chegará ao lado de Temer e ocupará um palco que lembra uma arena. Ele dirá que não se omitiu quando foi chamado para enfrentar a crise econômica tanto no governo Temer como nos dois mandatos de Lula, época em que comandou o Banco Central.

Extremos

Com a estratégia apoiada no slogan "Chama o Meirelles", o ex-comandante da economia dará uma estocada nos adversários, a quem classifica ironicamente como "salvadores da pátria". Em seu discurso, Meirelles atacará os "extremos", repetindo o bordão contido na Carta Aberta à Nação divulgada pelo MDB.

A cúpula do MDB entende que a candidatura será benéfica para o partido, mesmo que hoje o cenário mostre poucas chances de vitória. "O que está em jogo nessa eleição não é o resultado eleitoral, é a postura política de partidos que terão que se recolocar. Estamos recolocando o MDB no lugar certo", disse Jucá.

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