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Por *Luana Dandara

Rio - Maior da América Latina, o Museu Nacional do Rio tinha peças espalhadas por vários estados brasileiros. Agora, resguardadas do incêndio de domingo passado, elas podem ajudar na preservação da história de parte do acervo formado ao longo de 200 anos.

Um alce empalhado na Europa em 1758, por exemplo, foi doado ao Museu de Arte e Ciências de Itapetinga, no Sertão da Bahia, pelo Museu Nacional em 1970. Segundo o diretor de cultura do município, Antônio Maciel, o animal pertenceu à coleção de D. Pedro II e foi cedido quando o imperador se mudou para Portugal. Hoje, o alce é o principal símbolo da cidade. "É bom para o país saber que essa peça está bem guardada aqui, ficamos envaidecidos". Reportagens sobre as relíquias trocadas entre o Museu Nacional e instituições baianas foram publicadas no portal Meus Sertões (http://www.meussertoes.com.br/), do jornalista Paulo Oliveira, que percorre o sertão da Bahia em buscas histórias desconhecidas, como as citadas aqui.

Responsável pela restauração do alce, o artista plástico Sérgio Gomes lamentou a destruição do museu do Rio, que, para ele, é fruto do descaso. "Felizmente, existem peças ainda conservadas, como o nosso alce, que serve como recordação dos exemplares que compuseram um dia o acervo do Museu Nacional".

O Museu do Sertão, no entanto, ainda não pensa em devolver o artigo. "É preciso que os responsáveis pelo Museu Nacional reorganizem a restauração e o acervo. É cedo para pensar em cedê-lo. O alce é a relíquia mais antiga do nosso museu", ponderou Maciel.

A vice-presidente do Museu Nacional, Cristiana Serejo, estimou que 50% do acervo de 20 milhões de itens podem ter sido salvos. Além do que ainda tem chance de ser resgatado dos escombros, os departamentos de botânica, invertebrados e a biblioteca tinham reservas em prédios anexos. 

Meteorito é objeto de disputa

Símbolo da resistência do incêndio do Museu Nacional, o meteorito do Bendegó, retirado intacto do meio das cinzas, virou objeto de disputa pelos baianos. A tragédia estimulou a retomada de um movimento iniciado há mais de uma década de trazer o meteorito de volta à região de Uauá, local onde ele caiu em 1784.

De acordo com o portal Meus Sertões, a Associação Regional de Economia Solidária e o Sindicato dos Trabalhadores Rurais estão entre as entidades que defendem a transferência da pedra espacial para o Museu do Sertão, que mantém uma réplica do meteorito feita de gesso.

"A cópia foi encomendada em ateliê no Rio. Ela tem medidas reais da pedra do Bendegó. Há alguns anos, teve avarias, mas um técnico de Salvador conseguiu consertá-la", explicou o geógrafo Raimundo Venâncio.

Para o jornalista Paulo Oliveira, que acompanha o movimento, o Bendegó carrega a história e a cultura do sertão. "O incêndio reacendeu as esperanças do sertão em trazer a pedra de volta".

*Da estagiária sob supervisão de Angélica Fernandes

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