Gustavo Bebianno presidiu o partido de Bolsonaro, o PSL, na campanha - Mauro Pimentel / AFP
Gustavo Bebianno presidiu o partido de Bolsonaro, o PSL, na campanhaMauro Pimentel / AFP
Por ESTADÃO CONTEÚDO

Brasília - O crescimento exponencial da bancada do PSL na Câmara dos Deputados garantirá ao partido do presidenciável Jair Bolsonaro a maior fatia do Fundo Partidário a partir do próximo ano. Segundo levantamento feito pelo Estado com base em dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a sigla receberá em torno de R$ 110 milhões em recursos do fundo - abastecido com verbas públicas - ao longo de 2019. O valor é mais de 17 vezes maior que o embolsado pela sigla em 2017, último ano com números mensais consolidados, quando recebeu R$ 6,2 milhões.

Apesar de ter conquistado a maior bancada na Casa para a próxima legislatura, o PT ficará em segundo lugar na divisão do dinheiro Isso ocorre porque o critério para calcular o fundo é o número de votos válidos obtidos pelos partidos, não o número de deputados eleitos. O montante destinado ao partido de Bolsonaro será R$ 13 milhões superior ao que os petistas terão direito. "O PSL vai ter dinheiro para se estruturar, é uma novidade sem tamanho para eles", afirmou o cientista político Marco Antônio Teixeira, da FGV.

Foi considerado para o levantamento o valor de R$ 888,4 milhões referente ao fundo de 2018, já que o montante estimado para 2019 ainda não foi divulgado pelo TSE. Outro ponto que chama atenção na nova tabela é a queda do MDB, que foi de terceiro para sexto partido com mais dinheiro do fundo: terá direito a R$ 53,4 milhões.

Por outro lado, o PSDB, apesar do desempenho pífio para a Câmara - elegeu apenas 29 deputados e passou da quarta para a nona maior bancada - será o terceiro partido com mais dinheiro do fundo, com R$ 57,8 milhões. Até este ano, era o segundo. Há, porém, uma diferença gritante entre os tucanos e os dois primeiros colocados: o PSL, cuja diferença para o PT será de R$ 13 milhões no ano, vai ter mais que o dobro do PSDB.

Barreira

Segundo cálculos do Estado, 14 partidos não ultrapassaram a cláusula de barreira e vão perder o acesso ao Fundo Partidário, ao tempo de TV e o direito de exercer liderança partidária na Câmara, mesmo que tenham eleito deputados. São eles: Patriota, PHS, PCdoB, PRP, Rede, PRTB, PMN, PTC, PPL, DC, PMB, PCB, PSTU e PCO. O TSE ainda não divulgou oficialmente essa informação.

O TSE informou que os recursos do fundo originalmente repassados a essas siglas serão redistribuídos para os que cumpriram as novas regras de acesso. Com isso, o PSL ficou com 12,8% dos votos totais para deputado federal no País, considerando os votos em legenda e os nominais. O PT recebeu 11,3%. Isso coloca a sigla de Bolsonaro numa posição confortável para atrair parlamentares de legendas que não superaram a cláusula.

"Esses partidos vão ficar quase impedidos de sobreviver no cotidiano. A alternativa vai ser a fusão com outras legendas", disse Teixeira. A Rede, por exemplo, já estuda se juntar ao PV, que ultrapassou a cláusula. Assim como o PPS, os verdes tiveram apenas 1,78% da votação total e receberão pouco mais de R$ 17 milhões do fundo durante o ano. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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