Nove facas, uma régua e barras de ferro foram apreendidas após o motim em Bangu 4, que fica no Complexo de Gericinó - Rodrigo Menezes/Parceiro/Agência O Dia
Nove facas, uma régua e barras de ferro foram apreendidas após o motim em Bangu 4, que fica no Complexo de GericinóRodrigo Menezes/Parceiro/Agência O Dia
Por ADRIANA CRUZ

Rio - Informações de fuga por um túnel e motim no presídio de segurança máxima Jonas Lopes de Carvalho, o Bangu 4, estavam sendo monitoradas há mais de um mês pelo serviço de inteligência da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap). Nesta sexta-feira, 15 dos 70 internos do seguro local para presos ameaçados de morte mantiveram reféns sob a mira de facas um inspetor, uma enfermeira e um detento.

Cinco rebelados são integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), de São Paulo. Eles alegaram que se rebelaram porque estavam com medo de morrer. Três chefões do Terceiro Comando Puro (TCP), suspeitos de ameaçar o grupo, seriam levados nesta sexta para a penitenciária Laércio da Costa Pellegrino, Bangu 1.

Ao final da ação, ninguém ficou ferido e nove facas, uma régua e três barras de ferro que estavam em poder dos rebelados foram apreendidas por agentes penitenciários. No início da noite, a Seap decidiu transferir todos os 70 que estavam no seguro em Bangu 4, para duas unidades fora do Complexo Penitenciário de Gericinó. "Três chefões do TCP, que foram identificados pelo nosso serviço de inteligência vão para Bangu 1 ainda hoje (ontem)", afirmou o secretário de Administração Penitenciária, David Anthony. Segundo ele, um deles é Nei da Conceição Cruz, Nei Facão. Preso em 2009, o bandido é apontado como dono das favelas Salsa e Merengue e Timbau, no Complexo da Maré. O criminoso, de 46 anos, tem condenações que somam 39 anos e 11 meses de prisão por crimes com tráfico, associação para o tráfico e associação criminosa. O traficante já cumpriu 14 anos de prisão. Facão estava em Catanduvas, no Paraná, e retornou ao Rio em fevereiro.

Ação contra fuga

Há pouco mais de um mês, a suspeita de um túnel que seria usado para fuga de presos de Bangu 4 foi investigada. "Estamos atentos à unidade há muito tempo. Para verificar a construção de um possível túnel usamos um aparelho chamado georadar junto à muralha dentro e fora do presídio", revelou David Anthony.

Para debelar o motim, a Seap montou um Gabinete de Crise no Complexo Penitenciário de Gericinó, que envolveu toda a área de segurança, inclusive negociadores, agentes da Corregedoria e Subsecretaria de Gestão Operacional, Superintendência de Inteligência.

"Cumprimos todos os protocolos. Acionamos ambulância, o Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar. E mesmo depois que acabou, decidimos manter o aparato do Gabinete de Crise", informou David Anthony. Segundo ele, enquanto o motim estava em andamento, o espaço aéreo na região também foi fechado por questões de segurança.

"Fizemos ainda vistoria em todas as galerias", contou o secretário. Segundo ele, Bangu 4 tem 2.970 internos. O motim foi comandado pelas cinco principais lideranças do PCC identificados como Ener Silva Amorim, Carlos Donizete da Silva Filho, Gilberto Camargo, Willian dos Santos Reis e Valdemir Lopes Moreira.

De acordo com o secretário, todos os 70 que estavam no seguro foram transferidos por questões de segurança independentemente de quem participou da ação. "Apesar de não terem integrado o motim, decidimos fazer a transferência para duas unidades, 35 para cada, para evitar qualquer tipo de ação futura", justificou o secretário David Anthony.

Motim durou quatro horas em presídio

O motim começou por volta das 13h, quando os rebelados estavam em uma área técnica de Bangu 4, e terminou quase 17h. O local fica fora das galerias onde fica o seguro. Para debelar a ação, foram utilizados agentes penitenciários especializados em negociar com os amotinados. Toda ação contou com um mega-aparato de segurança com apoio da PM e Corpo de Bombeiros.

Este foi o terceiro caso de motins registrados em Bangu 4 este ano. Em agosto, um agente foi feito refém, por 25 minutos, durante uma ação orquestrada por três presos. O funcionário fazia uma vistoria nas galerias quando foi rendido pelos rebelados.

Em fevereiro, um preso agrediu um agente penitenciário quando era levado para o isolamento. Outros detentos deram início a um tumulto que só foi controlado quando chegaram os integrantes do Grupo de Intervenção Tática.

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