Médium João de Deus - Reprodução/ Tv Anhanguera
Médium João de DeusReprodução/ Tv Anhanguera
Por ESTADÃO CONTEÚDO

Abadiânia - Foragido da Justiça, João de Deus informou às autoridades que deve se entregar neste domingo em Goiás. A data foi fixada há pouco, em negociação com a defesa. O médium é suspeito de abusar sexualmente de mulheres que buscavam atendimento espiritual na Casa Dom Inácio de Loyola.

A Polícia Civil suspeita que ele esteja fora de Goiás. Nas negociações realizadas hoje, uma das hipóteses era de que agentes fossem até o local onde ele está para fazer a prisão e o transporte até Goiás. Em virtude da idade e da natureza do crime de que é acusado, a expectativa é de que ele fique em uma cela individual. A prisão preventiva contra o líder espiritual foi decretada no fim da manhã de sexta-feira.

O MP de Goiás também investiga eventual movimentação suspeita de recursos financeiros, como transferência de dinheiro das contas de João de Deus. Transações financeiras desse tipo poderiam indicar intenção de ocultar valores e reduzir as chances de pagamento de indenização às vítimas. Segundo o jornal O Globo, João de Deus retirou R$ 35 milhões após as primeiras denúncias.

Integrantes do grupo destacado para fazer a investigação e as negociações, no entanto, ainda colocam em dúvida se o acerto será de fato cumprido. Para eles, a defesa do médium deverá aguardar o resultado do pedido de habeas corpus. Se a medida for concedida antes de ele se apresentar, seria possível evitar um desgaste ainda maior para o médium, que atrai anualmente para a cidade goiana de Abadiânia 120 mil fiéis - 40% deles estrangeiros.

O advogado de defesa de João de Deus, Alberto Zacharias Toron, no entanto, assegurou em entrevista que seu cliente vai se entregar antes da apresentação do habeas corpus. A ação será proposta segunda.

Os relatos de abuso sexual vieram à tona há uma semana, quando o programa Conversa com Bial apresentou depoimentos de mulheres que se sentiram abusadas. Dois dias depois que os primeiros relatos foram divulgados, o Ministério Público e a Polícia Civil de Goiás formaram forças-tarefas para investigar os casos. Já foram coletados mais de 330 depoimentos. Desse total, 30 mulheres formalizaram até o momento as acusações.

Nesta semana, somente na cidade de Abadiânia, onde funciona a Casa Dom Inácio, foram iniciados três inquéritos. Eles se juntam a outros três que já haviam sido abertos antes de os depoimentos contra João de Deus serem divulgados na TV.

João de Deus não é visto publicamente desde quarta, quando visitou a casa Dom Inácio de Loyola e, em pronunciamento rápido, garantiu inocência e disse estar a disposição da Justiça. Depois de a prisão preventiva ser decretada, a Polícia Civil já percorreu mais de 20 endereços em busca do médium. Sua casa em Abadiânia, no entanto, ainda não foi alvo de buscas.

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