Rio - Desde o fim de dezembro, Bolsonaro anunciou que a importação de tecnologias de dessalinização seria um dos objetivos da parceria com Israel, em um anúncio que causou polêmica, porque o Brasil já teria essa tecnologia. Na manhã desta quinta-feira, a questão voltou à tona nas redes sociais. O presidente da República, Jair Bolsonaro, replicou uma resposta da Embrapa, afirmando que não é a responsável por desenvolver tecnologias de dessanilização de água, acompanhada de uma provocação à imprensa.
A atitude do presidente levou alguns internautas a entenderem que o Brasil não possui a tecnologia, o que não é verdade. A Embrapa esclareceu apenas que ela não foi responsável por desenvolvê-la.
A tecnologia de dessanilização de águas salobras e salinas foi desenvolvida pelo Ministério do Meio Ambiente e faz parte do programa Água Doce, lançado em 2004, conforme consta no site oficial do Ministério do Meio Ambiente.
O site oficial do Ministério esclarece ainda que: "Da meta de 1357 sistemas de dessalinização, 700 obras já estão contratadas, 482 obras já estão concluídas e 48 estão em fase de implantação - em 170 municípios do semiárido brasileiro."
A própria Embrapa divulgou o projeto de dessalinização após o ocorrido:
O DIA procurou a Embrapa antes da publicação da reportagem e ela respondeu somente na manhã desta sexta-feira. Em nota, a empresa pública reforçou a informação que não possui a tecnologia, mas que ela foi desenvolvida pelo Ministério do Meio Ambiente. À Embrapa acrescentou que desenvolveu "soluções tecnológicas para aproveitamento e uso de resíduos de dessalinização em cultivos de plantas alimentícias halófitas (resistentes à salinidade) e criação de peixes." Confira a nota na íntegra.
"Ao contrário do que vem sendo divulgado nas redes sociais e alguns blogs nacionais, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) não desenvolveu nenhuma tecnologia de dessanilização de água e nem é responsável pela implantação de miniusinas de dessanilização no Nordeste - essa função cabe ao Ministério do Meio Ambiente, que coordena o Programa Água Doce, que atua em comunidades rurais do semiárido brasileiro para ampliar o acesso à água de qualidade para o consumo humano, por meio de sistemas de dessalinização de água salobra. A iniciativa abrange os nove estados do Nordeste e também Minas Gerais.
A Embrapa desenvolveu, na verdade, soluções tecnológicas para aproveitamento e uso de resíduos de dessalinização em cultivos de plantas alimentícias halófitas (resistentes à salinidade) e criação de peixes. Atualmente, os rejeitos do processo dos sistemas dessanilizadores em funcionamento no âmbito do programa Água Doce são utilizados para a criação de peixes e plantio de forrageiras para nutrição de caprinos - soluções desenvolvidas e validadas para o Semiárido."
* Estagiário sob supervisão de Ricardo Calazans