Brasília - O presidente Jair Bolsonaro entregou nesta manhã o texto da Reforma da Previdência na Câmara dos Deputados, onde começa a tramitação do projeto. O presidente foi pessoalmente à Casa, acompanhado dos ministros Paulo Guedes (Economia) e Onyx Lorenzoni (Casa Civil), onde ficou por cerca de vinte minutos no gabinete do presidente da Câmara, Rodrigo Maia. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre também participou da entrega do texto.
Com forte esquema de segurança, os jornalistas ficaram restritos a um espaço cercado, com contato limitado às autoridades. Bolsonaro passou direto pela imprensa, sem dar entrevistas.
Um pronunciamento do presidente em cadeia nacional é esperado para esta noite.
Uma entrevista coletiva dos pontos da reforma da Previdência está marcada para as 10h15 com integrantes da equipe técnica do Ministério da Economia, que devem explicar o projeto. O slogan da campanha pela aprovação da proposta é "Nova Previdência é para todos. É melhor para o Brasil." O mote evita a palavra "reforma".
O ministro da Economia, Paulo Guedes, e o secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, participam de reunião com os governadores para apresentar os detalhes da reforma.
Oposição faz protesto sobre 'laranjal'
Houve um protesto da oposição que se vestiu com um avental segurando laranjas, em referência aos indícios de que o partido do presidente PSL, utilizou-se de candidaturas de mulheres laranjas em Minas e em Pernambuco para desviar recursos do fundo partidário. Dentre os cerca de dez deputados que fizeram o protesto estava Marcelo Freixo (PSOL-RJ) e Ivan Valente (PSOL-SP).
Para os oposicionistas, Bolsonaro não tem legitimidade para apresentar a proposta e já se posicionou contra a reforma no passado.
"Hoje tem laranjada?", cantavam os deputados em coro. "Bolsonaro mente", ecoavam em outro momento.
Eles também pedem a demissão do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, que era presidente do diretório estadual do PSL em Minas no ano passado e é acusado de envolvimento no esquema.
Nesta quarta, diante da pressão sobre o caso, Bolsonaro tem reunião com Álvaro Antônio às 14 horas, no Palácio do Planalto. O assunto não foi divulgado pela assessoria de imprensa do presidente.
A oposição questiona o fato do então ministro da Secretaria-Geral Gustavo Bebianno ter sido demitido após suspeitas de participação no uso de candidaturas laranja, enquanto Álvaro Antônio continuou no cargo. Bolsonaro, no entanto, justifica que a demissão ocorreu por razões de "foro íntimo".
Tramitação
Inicialmente, a proposta é submetida à análise na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, e depois será discutida e votada em uma comissão especial da Casa, antes de seguir para o plenário.
No plenário, a aprovação do texto depende de dois dois turnos de votação com, no mínimo, três quintos dos deputados (308 votos) de votos favoráveis.
Em seguida, a proposta vai para o Senado cuja tramitação também envolve discussão e votações em comissões para depois, ir a plenário.
O texto elaborado pelo governo propõe idade mínima para aposentadoria para homens (65 anos) e mulheres (62 anos), além de um período de transição.
*Com Estadão Conteúdo e Agência Brasil
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